ESTRASBURGO - A Eurocâmara não conseguiu, nesta quarta-feira (21/10), aprovar uma iniciativa que exigia uma legislação sobre pluralismo e concentração nos meios de comunicação, considerada controversa porque apontava muito diretamente para o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
A votação no Parlamento Europeu de Estrasburgo (leste da França) de uma proposta apresentada pelos eurodeputados liberais terminou empatada em 338 votos. Este resultado foi recebido com alegria pela bancada do Partido Popular Europeu (PPE), a família política do chefe de governo italiano.
Berlusconi é acusado com regularidade de conflito de interesses porque controla de fato as televisões públicas italianas além de seus três canais privados (Mediaset) e dos jornais de sua propriedade ou de seus familiares.
Os conservadores haviam tentado em várias ocasiões bloquear a iniciativa ou, ao menos, retirar toda referência à Itália.
A resolução dos liberais destacou que a situação na Itália é extremamente preocupante devido ao conflito de interesses entre a propriedade dos meios e o controle político dos meios de comunicação tanto privados quanto públicos. A proposta rechaçada pedia à Comissão Europeia que publicasse um "comunicado sobre a proteção do pluralismo e a concentração dos meios com vistas à adoção, sem demora, de uma diretiva".
A comissária europeia encarregada da imprensa, Viviane Reding, havia afirmado no início do mês que não poderia legislar sem uma forte maioria do Parlamento neste sentido.