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Adversário de Karzai descarta acordo e prepara segundo turno

CABUL - O principal adversário do presidente afegão Hamid Karzai pediu que se evite a repetição das fraudes eleitorais, descartou um acordo político e se prepara para o segundo turno da eleição presidencial no Afeganistão, no dia 7 de novembro. O candidato presidencial e ex-chanceler Abdullah Abdullah afirmou que o segundo turno é a única opção possível, descartando especulações sobre um acordo político com Karzai que evitaria uma prorrogação do processo eleitoral. "Talvez existam preferências por outras saídas, mas neste momento o segundo turno é o único desenvolvimento possível", afirmou Abdullah. "Quanto ao segundo turno, meu único desejo é que aconteça na data prevista, em boas condições, tanto no plano da segurança como no da transparência", destacou Abdullah, cujo resultado definitivo no primeiro turno - em torno de 30% dos votos - ainda não foi divulgado oficialmente. Karzai, que antes da recontagem tinha quase 55% dos votos, foi proclamado vencedor, mas com 49,67% dos votos, menos de quatro décimos abaixo da maioria absoluta que teria permitido evitar um segundo turno. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes mundiais felicitaram Karzai por ter aceitado o segundo turno, depois que as autoridades eleitorais anularam milhares de votos considerados fraudulentos e reduziram a vitória do atual presidente a menos de 50%. Agora, os organizadores travam uma luta contra o relógio para montar, livre de fraudes, o segundo turno no dia 7 de novembro, ao mesmo tempo que o país vive em estado de guerra contra a insurgência talibã. O secretário-geral da organização da ONU, Ban Ki-moon, anunciou que vai substituir mais de 200 observadores envolvidos em fraudes no primeiro turno da eleição presidencial no Afeganistão. "As Nações Unidas tomarão todas as medidas necessárias, administrativas e de segurança, para evitar a repetição das fraudes que mancharam o primeiro turno de 20 de agosto", afirmou Ban à BBC. "Vamos substituir todos os funcionários que desrespeitaram as normas ou que foram cúmplices de procedimentos fraudulentos", afirmou o secretário-geral da ONU, que prometeu um segundo turno "transparente e confiável". A ONU também pretende atuar em parceria com a Otan e a as autoridades afegãs para proteger os locais de votação de eventuais ataques dos talibãs, que ameaçaram os eleitores em agosto. A questão agora é organizar rapidamente o segundo turno, antes da chegada do inverno, que deixa boa parte do país inacessível. "Os preparativos para o segundo turno já estão em andamento, já temos os boletins de voto e, a partir de amanhã, os enviaremos aos colégios eleitorais de todo o país", afirmou o porta-voz das Nações Unidas, Aleem Siddique. Muitos políticos afegãos, e não apenas Karzai, não são muito favoráveis à celebração deste segundo turno, afirmou um diplomata europeu, um sentimento compartilhado por vários colegas ocidentais. "Os afegãos não estão muito ameaçados para votar? Não estão cansados de todo este 'circo'? A insegurança e o cansaço podem provocar um nível muito baixo de participação", explica o diplomata. No primeiro turno, além das fraudes, foi registrado um índice de participação muito baixo, de apenas 38,7%.