O americano Peter Galbraith, ex-chefe adjunto da missão das Nações Unidas no Afeganistão, demitido de suas funções após ter denunciado fraudes nas eleições presidenciais de agosto, considerou nesta segunda-feira que a amplitude dos abusos ultrapassava as primeiras estimativas.
[SAIBAMAIS]Galbraith foi afastado pela ONU depois de ter afirmado que até 30% dos votos no atual presidente Hamid Karzaï, durante as eleições de 20 de agosto eram fraudulentos, o que desencadeou uma divergência com o número 1 da ONU no Afeganistão, o norueguês Kai Eide.
Mas a Comissão de Reclamações Eleitorais (ECC), encarregada de investigar as fraudes na eleição e apoiada pela ONU, ordenou nesta segunda-feira a invalidação de um determinado percentual de cédulas o que, segundo os observadores do pleito, levará Karzaï a um segundo turno.
"Não foi uma surpresa para mim", declarou Galbraith, ouvido por telefone pela AFP em sua casa de Vermont (nordeste dos Estados Unidos).
Segundo a comissão, "há 1,5 milhão de cédulas fraudadas e que 80% dessas eram a favor de Karzaï - a mesma cifra que denuncio há algum tempo", destacou.
"Na realidade, se houver um recontagem total, serão encontrados até três milhões de votos fraudulentos", afirmou Galbraith, lembrando que o ECC havia validado resultados de algumas seções nas quais 100% dos votos eram favoráveis a Hamid Karzaï.