LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou nesta quarta-feira (14/10) ao Parlamento o envio de 500 soldados a mais para o Afeganistão, como pediam os Estados Unidos, no momento em que a oposição ao conflito aumenta entre a população, assim como o número de baixas militares.
"Aceitei a princípio uma nova quantidade de forças britânicas de 9.500", declarou Brown aos deputados reunidos na Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento britânico).
O ministério da Defesa confirmou que isto representa um aumento de 500 soldados em relação aos 9 mil atualmente mobilizados no país asiático, onde o contigente da Grã-Bretanha só é menor que o dos Estados Unidos.
Brown, no entanto, impôs três condições para que o aumento seja efetivo: que o governo afegão demonstre sua determinação de preparar mais tropas afegãs para combater junto às forças internacionais, que todas as unidades estejam totalmente equipadas para a tarefa e que o aumento faça parte da mobilização de uma coalizão em que cada país forneça sua parte correspondente.
"A Grã-Bretanha apóia a ambição do general americano Stanley McChrystal de acelerar o crescimento das forças de segurança afegãs", destacou Brown, antes de afirmar que conversou com o presidente afegão, Hamid Karzai, e com o principal rival deste, Abdullah Abdullah, e que ambos apresentaram garantias. "Todos devem aceitar que se são parte da coalizão, têm que compartilhar a carga", completou o premier aos deputados, que retornaram aos trabalhos legislativos depois de três meses de férias de verão.
Diante da situação tensa no Afeganistão, o general McChrystal, que comanda a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan e as tropas americanas, pediu o envio de entre 40 e 60 mil homens adicionais. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, envolvido nas negociações de uma nova estratégia americana no Afeganistão, anunciou na terça-feira que tomará uma decisão nas próximas semanas.
O conflito afegão é cada vez mais impopular no Reino Unido, onde segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira pelo jornal The Times, 36% da população acredita que as tropas deveriam voltar para casa, contra 29% há um mês.
O repúdio aumentou de modo paralelo às baixas britânicas, que chegam a 221 desde o início da intervenção liderada pelos Estados Unidos em outubro de 2001, com uma aceleração nos últimos meses.
Antes do anúncio do aumento das tropas, Brown leu os nomes dos 37 soldados que morreram no Afeganistão desde seu última comparecimento à Câmara de Representantes, em julho. "Cada morte a partir deste dia não será o 'último sacrifício' no serviço de nosso país, e sim o preço do sangue pago para comprar tempo aos políticos que não podem admitir que uma guerra que nunca teve nenhuma justificativa está perdida", reagiu uma representante da coalizão Stop The War, Lindsey German, ao condenar a contradição.