RAMALLAH - O Fatah, fiel à Autoridade Palestina, aceitou uma proposta do Egito de assinatura separada do acordo de reconciliação interpalestino, apesar da deterioração contínua de suas relações com seu rival, o Hamas, indicou nesta terça-feira (13/10) um membro do Fatah.
"O Fatah encarregou um membro de seu comitê central, Azzam al-Ahmad, ao Cairo, em 48 horas de enviar pessoalmente a aprovação por escrito do movimento aos dirigentes egípcios", declarou um alto responsável do Fatah sob anonimato.
Apesar deste anúncio, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, denunciou mais uma vez o movimento islamita que controla a Faixa de Gaza, acusando-o de querer descarrilar o processo de reconciliação iniciado pelo Egito. "O Fatah vai colar no processo de reconciliação egípcio até o último minuto", prometeu Abbas em um discurso em Jenin (Cisjordânia). "Sabemos que eles (responsáveis do Hamas) estão procurando desculpas. Eles encontraram uma sob o pretexto do caso Goldstone", acusou.
Inicialmente, a assinatura do documento final de reconciliação estava prevista para 26 de outubro no Cairo, mas o Hamas pede o adiamento. O Hamas condena Abbas por ter aceitado, sob pressão americana e israelense, o relatório do voto do Conselho dos direitos do Homem da ONU sobre o caso Goldstone acusando Israel de "crimes de guerra" durante o último conflito em Gaza no inverno passado.
O movimento reserva ainda sua resposta à proposta do Egito que, segundo uma fonte palestina, pediu-lhe que se pronuncie em 48 horas.
Ao término do compromisso egípcio, o Fatah e o Hamas devem avaliar separadamente este acordo daqui a 15 de outubro (20 de outubro para outras facções palestinas). Este documento prevê a realização de eleições legislativas e presidencial palestinas daqui a meados de 2010, em vez de 25 de janeiro próximo como determina a Lei fundamental palestina.
Caso o Hamas não assinar este acordo, dois dirigentes do Fatah e da OLP, Mohammed Dahlan e Yasser Abed Rabbo, advertiram nesta terça-feira que o movimento do presidente Abbas pedia a realização das eleições de janeiro próximo.
O Fatah e o Hamas estão em conflito aberto desde que o movimento islamita cassou pela força os fieis do presidente Abbas da Faixa de Gaza em junho de 2007. Eles iniciaram um diálogo em fevereiro, mas não conseguiram entendimento até agora. O Egito, que apadrinha as discussões, já adiou duas vezes a assinatura de um acordo.