O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) disse nesta quarta-feira (7/10) que o Brasil deve desculpas ao povo hondurenho por ter permitido que o presidente deposto, Manuel Zelaya, fizesse manifestações ao seu povo de dentro da embaixada brasileira.
"O governo agiu corretamente quando o abrigou dentro da nossa embaixada. Mas, a diplomacia brasileira cometeu um gravíssimo erro ao permitir que ele se manifestasse via embaixada brasileira. Por isso, devemos um pedido de desculpa ao povo hondurenho", disse ao relatar a viagem na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
[SAIBAMAIS]Ao fazer a declaração, foi imediatamente retrucado pelo deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), que saiu irritado do plenário da comissão. "Eu quero é aplaudir o governo brasileiro", gritou.
A comissão, composta por seis deputados, esteve na semana passada em Tegucigalpa, capital de Honduras, para tratar das restrições impostas aos brasileiros na embaixada e, diplomaticamente colaborar com as negociações para o fim do impasse.
O grupo reafirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não participaram de nenhuma manobra para abrigar o presidente deposto Manuel Zelaya na embaixada brasileira. Jungmann afirmou que o momento mais crítico da viagem foi no congresso hondurenho, quando um DVD com imagens da crise foi mostrado aos parlamentares.
Uma das imagens, segundo Jungmann, mostrava uma tela preta com letras brancas dizendo: Brasil e Venezuela violentaram a soberania de Honduras. "Foi um momento de uma certa dificuldade. Depois, ficamos sabendo que o DVD estava sendo transmitido nas televisões%u201D, afirmou. %u201CDiscordamos do DVD e do que estava exposto", completou.
Jungmann, no entanto, ressaltou que o Brasil abrigou Zelaya na embaixada por conta de sua tradição humanitária. %u201CNos colocamos como uma nação que viveu os traumas de uma ditadura e aprendeu a respeitar suas instituições".
Segundo ele, a principal queixa era quanto à falta de status jurídico de Zelaya, se abrigado ou asilado na embaixada. "Os hondurenhos disseram que essa indefinição propiciava os que favoreciam o governo Micheletti", disse.
O deputado ainda afirmou que, apesar do número excessivo de pessoas abrigadas, a embaixada brasileira se encontra, atualmente, em relativa ordem. E ouviram de Zelaya que aceitaria voltar à presidência, mesmo que para isso precise ceder um pouco de seu poder. "Ele disse que, se em 15 dias não se encontrasse uma solução para a crise, o povo hondurenho não ia aceitar as eleições marcadas para novembro", comentou.
Jungmann disse que irá apresentar à comissão um relatório por escrito da viagem. Por enquanto, entregou apenas um conjunto de notícias de jornais de todo o mundo elogiando a viagem dos parlamentares brasileiros a Honduras.