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Micheletti admite pela primeira vez possibilidade de restituição de Zelaya

TEGUCIGALPA - O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, admitiu nesta segunda-feira (5/10) pela primeira vez, em entrevista a um canal local, a possibilidade de restituição do presidente deposto Manuel Zelaya para destravar a crise política, após as eleições de 29 de novembro. [SAIBAMAIS]"Se as eleições acontecerem no país, transparentes, e nós escolhermos o novo presidente, então poderemos falar de qualquer cenário, de qualquer solução", disse Micheletti sobre a restituição de Zelaya como uma das opções para a solução da crise. "Acreditamos que existe uma razão para sentar e dialogar, que é a pátria primeiro; a restituição é uma aspiração do senhor Zelaya que teria que ouvir com melhores argumentos, com argumentos legais", completou. Ao tomar conhecimento das declarações, Zelaya divulgou um comunicado em que afirma que o governo de fato deve assinar de maneira imediata o plano do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que estabelece sua restituição. No texto, Zelaya, refugiado na embaixada do Brasil, Zelaya pede a "assinatura de maneira imediata do Acordo de San José dentro do marco jurídico nacional e internacional com os outros poderes do Estado, com testemunhos de honra dos chanceleres da OEA". O mesmo acrescenta que a sede diplomática "proporciona segurança nacional e internacional para a assinatura do acordo pelas duas partes, o que vai garantizar a transparência e o respeito à integridade física, os direitos constitucionais e à vida do presidente". Na mesma entrevista, Micheletti anunciou que pedirá a seu gabinete de governo a revogação do decreto que suprimiu há uma semana as liberdades civis no país. "É minha decisão revogar o decreto, mas a decisão será tomada com o Conselho de Ministros no dia de hoje para suspender as restrições", afirmou Micheletti. O polêmico decreto suprimiu as liberdades de movimento, reunião e imprensa, e sob o amparo do mesmo o governo de Micheletti tirou do ar a Rádio Globo e o Canal 36, ligados ao presidente Manuel Zelaya, deposto em um golpe de Estado em 28 de junho e que está refugiado na embaixada do Brasil.