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Greenpeace denuncia abusos de multinacionais espanholas na América Latina

MADRI - Muitas multinacionais espanholas que operam na América Latina cometem abusos trabalhistas, degradam o meio ambiente ou violam os direitos humanos nessa região, denunciou nesta quinta-feira (1/10) a organização Greenpeace ao apresentar em Madri o informe "Os novos conquistadores". "As principais empresas espanholas não são transparentes e vendem à opinião pública espanhola uma imagem que não corresponde à realidade sobre sua gestão na América Latina", afirmou Mabel González, chefe da campanha de conflitos e meio ambiente do Greenpeace. No relatório apresentado, a ONG ecológica apresenta 43 casos de empresas espanholas que produzem um impacto negativo ao operar na América Latina. Entre eles, estão as cinco represas que a Endesa quer construir na Patagônia chilena, as cinco centrais de carvão que a Unión Fenosa, a Iberdrola e a Endesa querem instalar na Guatemala e os despejos da petroleira Repsol no Parque Nacional Yasuní do Equador. As companhias espanholas adotam um duplo comportamento na Espanha e na América Latina, algo inaceitável, segundo o Greenpeace, por enganar a opinião espanhola. Outros exemplos dados pela ONG são os hotéis erguidos por grandes cadeias em zonas de manguezal no estado mexicano de Quintana Roo (sudeste) e a exploração desmedida de recursos pesqueiros de Pescanova, no Chile. "As multinacionais espanholas não são uma exceção em termos de abusos sociais e de meio ambiente: as empresas norte-americanas certamente não são melhores e as locais tampouco", segundo Mario Rodríguez, diretor de campanhas do Greenpeace. As empresas espanholas chegaram em massa à América Latina no final dos anos 80 e ao longo da década de 90 durante os processos de privatização de vários países, instalando-se em setores estratégicos como energia, turismo e pesca, onde hoje ocupam os primeiros postos, quando não lideram, o que, segundo o Greenpeace, as caracteriza como "novos colonizadores".