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China comunista celebrará seu 60º aniversário com um gigantesco desfile

Sob um esquema de segurança jamais visto antes, a China vai comemorar nestaa quinta-feira o 60; aniversário da ascensão do regime comunista no país, oportunidade de celebrar seu status de nova potência mundial, inclusive no âmbito militar.

O Partido Comunista, fortemente assentado no poder em Pequim desde 1949 mesmo que a China seja hoje menos "vermelha", vai aproveitar este aniversário simbólico para glorificar as realizações deste imenso país e reafirmar a sua coesão, em um contexto de aumento das tensões sociais e étnicas.

Com isso, as festividades destacarão o caminho percorrido pela nação, atrasada e isolada em 1949 quando Mao Tse-tung proclamou, no dia 1; de outubro, diante de uma maré humana na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), a República Popular da China, que se tornou uma grande potência econômica, diplomática e militar 30 anos depois de Deng Xiaoping ter aberto as portas para o capitalismo.

Há mais de um ano, o Exército Popular de Libertação (ELP), o maior do mundo, prepara a sua primeira parada em dez anos, e exibirá seu poderio na Tiananmen diante da imagem de Mao, sob os olhares atentos das lideranças de todos os outros grandes exércitos.

"O ELP mantém a sua gloriosa tradição de frugalidade", assegurou o general Gao Jianguo. Mas essa parada pomposa, sobrevoada por 150 aviões, permitirá ao Exército chinês fazer uma demonstração de força.

Serão exibidos 52 tipos de equipamentos militares 100% chineses, sendo que quase 90% serão mostrados pela primeira vez, como os cinco novos tipos de mísseis, incluindo os mísseis balísticos intercontinentais.

O povo também se prepara há meses para esse dia que poderá se tornar um quebra-cabeça logístico, com 200.000 participantes e mais de 8.000 veículos nas vias do centro.

Por volta de 100.000 estudantes e trabalhadores foram mobilizados para o desfile, que terá danças, canções, carros alegóricos coloridos, seguindo a tradição socialista.

Em torno da Tiananmen, onde estarão os líderes do regime, 56 imponentes colunas vermelhas e douradas -- como na bandeira nacional -- foram erguidas para representar as minorias étnicas de um país sacudido em 2008 por protestos no Tibete e em julho por problemas ainda mais graves em Xinjiang.

As minorias "são consideradas atualmente um grande problema" pelo Partido, afirma Jean-Philippe Béja, do Centro de Estudos francês sobre a China Contemporânea (CEFC), em Hong Kong.

Para os moradores de Pequim, os preparativos causaram muita perturbação. A obsessão por segurança do regime levou a uma mobilização de forças policiais ainda mais superior à dos Jogos Olímpicos de agosto de 2008.

Durante as Olimpíadas, o centro da megalópole de 17 milhões de habitantes foi paralisado, com multidões no metrô, hotéis lotados e escolas fechadas.

A maioria dos moradores de Pequim acompanhará essas festividades pela TV, que se empenha há semanas em exibir as campanhas de glorificação do regime.

Nem a imprensa nem as universidades foram autorizadas a promover debates sobre os 60 anos, impedidas sobretudo de avaliar os anos Mao, que registraram dezenas de milhões de mortos do Grande Salto Adiante e na Revolução Cultural, além da repressão subsequente de qualquer dissidência.

"Qualquer debate sobre Mao e sobre o que aconteceu nestes 60 anos é esvaziado", indica Béja, "não há debate: a China está prestes a se tornar um país poderoso e próspero, aí está".