O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, caracterizou de "infeliz" a posição assumida pelo representante dos Estados Unidos ante a Organização dos Estados Americanos (OEA), Lewis Amselem, que afirmou que sua volta ao país foi "idiota e irresponsável".
"Ele foi muito grosseiro e são declarações infelizes", declarou Zelaya em seu refúgio na embaixada brasileira de Tegucigalpa, em uma entrevista que concedeu ao canal multiestatal Telesul.
Apesar destas declarações, Zelaya disse confiar na posição assumida pela "a secretária de Estado Hillary Clinton e o presidente Barack Obama, que estão trabalhando por minha restituição e pela reconstrução do sistema democrático hondurenho".
Zelaya assegurou ainda que o status que o governo brasileiro reconhece a seus respeito é o de "presidente eleito pelo povo hondurenho", respondendo assim ao ultimato dado pelo governo de fato para que definisse a situação do presidente deposto.
"É preciso dizer ao homem que tomou o poder pela força (Roberto Micheletti), que defina ele seu status. Quem o nomeou? Os próprios militares? As elites econômicas? Que status você tem? Ele é que deve definir seu status", expresou.
Na véspera, o representante dos Estados Unidos na OEA, Lewis Amselem, afirmou durante uma reunião de caráter urgente do grupo para analisar a situação em Honduras, que o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, foi uma atitude irresponsável, em um aparente giro da posição de Washington sobre a crise.
"A volta do presidente Zelaya a Honduras foi irresponsável e não serve nem aos interesses de seu povo nem aos interesses dos que buscam o restabelecimento pacífico da ordem democrática em Honduras".
Nesta terça, um porta-voz do departamento de Estado, Philip Crowley, afirmou que os Estados Unidos não mudaram de posição sobre Honduras, depois das críticas feitas pelo representante americano ante a OEA.
"O que ele (o representante americano ante a OEA) disse é totalmente coerente com nossa preocupação de que ambas as partes precisam tomar uma ação construtiva", explicou Crowley à imprensa.