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América do Sul e África ampliam cooperação em Cúpula da ASA

Representantes de cerca de 60 países de África e América do Sul analisavam neste sábado, na Venezuela, como concretizar as primeiras iniciativas de cooperação entre as duas regiões.

"Bem-vindos à (ilha) Margarita", disse o presidente venezuelano e anfitrião, Hugo Chávez, ao abrir o encontro. "Apenas unidos seremos livres e deixaremos às gerações futuras um mundo de iguais".

Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que "acreditamos no poder de transformação de uma aliança entre regiões que vivem realidades semelhantes e enfrentam problemas comuns".

"O século XXI nos encontra cada vez mais unidos, não existe desafio global que não possa ser enfrentado em conjunto por África e América do Sul, e não existe desafio que possa ser enfrentado sem América do Sul e África. Esta é a mensagem que esta Cúpula está lançando".

Lula, um dos principais promotores da ASA, cujo primeiro encontro ocorreu em Abuja, em 2006, disse que "a aposta que fizemos no eixo Sul-Sul foi vitoriosa". "Graças ao crescimento dos intercâmbios entre América do Sul e África, sofremos menos com a redução da demanda dos países ricos" devido à crise econômica mundial.

Chávez destacou que "estamos começando este mecanismo que nos parece vital: a união da América do Sul com a África. Dentro desta estrutura do mundo do século XXI que será pluripolar, a África se tornará um grande pólo, do mesmo modo que a América do Sul".

"Conformaremos verdadeiras potências e nossa união contribuirá enormemente ao que (Simón) Bolívar chamava de equilíbrio do mundo. Por isto é uma cúpula vital".

O líder líbio, Muamar Kadafi, propôs a formação de uma aliança similar à Otan (Tratado do Atlântico Norte), mas voltada ao Sul e sem objetivos bélicos.

"Temos que fazer uma Otan para o Sul e esta não é uma ação bélica. Temos nossos direitos e precisamos criar organizações" deste tipo.

"É preciso criar uma aliança para poder garantir uma ação histórica e estratégica que possa reduzir este vazio, de maneira que o Sul se organize como a Otan no norte".

"Há que trabalhar na implementação destes projetos para termos tudo pronto em dois anos", disse Khadafi.

A próxima cúpula da ASA será realizada na Líbia, em 2011.

Chávez anunciou que o convênio de constituição do Banco do Sul, iniciativa lançada em 2007, será firmado durante a cúpula, e que a instituição terá um capital global de 20 bilhões de dólares.

O Banco, que reunirá Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador, Uruguai e Paraguai, visa estabelecer uma entidade financeira multilateral na América do Sul em contraposição ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a outras instituições de crédito controladas pelos países industrializados.

Delegados e ministros das Relações Exteriores debatem o documento final, que será firmado no domingo.

O objetivo da reunião é criar projetos concretos de cooperação Sul-Sul que traduzam em fatos as declarações de Abuja e possam ser avaliados dentro de dois anos, na Líbia.

No projeto de declaração destacam-se temas como a necessidade de se criar uma nova arquitetura financeira, o desejo de concretizar projetos comuns no âmbito energético, a rejeição ao tráfico de drogas que assola as duas regiões e o respeito ao princípio da não-ingerência nas decisões soberanas dos povos.

Os países sul-americanos desejam incluir uma menção à crise política que Honduras atravessa há três meses.

Outro ponto em discussão é a necessidade de se reformar instituições como a ONU e seu Conselho de Segurança, o que interessa particularmente ao Brasil.