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Micheletti e Zelaya declaram disposição ao diálogo

A crise em Honduras parecia caminhar para uma solução negociada nesta quinta-feira, após as decisões do governo de fato e do presidente interino, Manuel Zelaya, de retomar o diálogo.

"Obtivemos o compromisso do senhor Micheletti de reiniciar o diálogo com base neste referencial (o plano do presidente da Costa Rica, Oscar Arias) ou em qualquer outro", para buscar uma saída à crise política do país, afirmou o candidato do Partido Liberal, Elvin Santos, um dos aspirantes à presidência hondurenha.

Santos, Porfirio Lobo (Partido Nacional), Felícito Avila (Democracia Cristã) e Bernard Martínez (Partido Integração e Unidade) mantiveram uma reunião de mais de duas horas nesta quinta-feira com Micheletti, na Casa Presidencial.

Após o aval de Micheletti, o grupo se encontrou com Zelaya na embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

Simultaneamente, a chancelaria do regime de fato divulgou um comunicado confirmando que Micheletti está aberto a retomar o diálogo para superar a crise.

"O governo confirma que aceitou a proposta do ex-presidente (dos Estados Unidos) Jimmy Carter para que visite nosso país nos próximos dias, com uma missão integrada pelo presidente da Costa Rica, senhor Oscar Arias, e o vice-presidente do Panamá, senhor Juan Carlos Varrela".

O "início do diálogo" já havia sido anunciado por Zelaya, após conversar com o bispo auxiliar de Tegucigalpa, Juan José Pineda, que foi à embaixada do Brasil.

Zelaya revelou que na noite de quarta-feira se entrevistou com "um representante do governo de fato", e qualificou a conversa de início "positivo" do diálogo nacional.

O governo de fato destacou que diante da decisão de aceitar a visita de Carter e de Arias a Tegucigalpa, pediu o adiamento da viagem que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, faria neste final de semana a Honduras, à frente de um grupo de chanceleres da região.

"O presidente Roberto Micheletti Baín estará à disposição para receber, posteriormente e em uma data acertada pelos canais diplomáticos, a missão integrada por alguns chanceleres americanos e por funcionários da OEA".

O conflito político em Honduras se agravou na segunda-feira passada, quando o presidente deposto voltou secretamente ao país, após quase três meses de exílio, e se refugiou na embaixada do Brasil.