"Na noite de ontem (quarta-feira), recebi um dos funcionários, melhor dizendo, um dos assessores mais próximos do senhor Micheletti, às sete da noite, e veio com propostas que não são aceitáveis. Disse que o senhor Micheletti quer sair já do governo, mas que devemos escolher outro presidente, ou seja, é outro golpe de Estado. Já deram um e querem dar outro".
"Respondi que é algo inaceitável para nós e para a comunidade internacional, porque é um engôdo ao povo que escolheu seu presidente".
Zelaya revelou que "virão (à embaixada do Brasil) diferentes personalidades do setor privado e dos partidos políticos", mas não deu detalhes sobre estes encontros.
Após se reunir com Zelaya, o bispo Pineda declarou à imprensa que foi à sede diplomática brasileira por iniciativa pessoal, porque muitos falam em diálogo "e ninguém toma a iniciativa".
Uma missão de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA), liderada pelo secretário geral da organização, José Miguel Insulza, chegará neste final de semana a Tegucigalpa para atuar como facilitadora de um diálogo visando à solução da crise.
Milhares de manifestantes protestaram hoje na zona da embaixada brasileira em apoio ao governo de fato em Honduras, dirigido por Roberto Micheletti, e para exigir a saída de Zelaya do país.
Aos gritos de "Fora Mel", "Cadeia para Mel", "Lula, Lula, leva esta mula" - os manifestantes passaram pelos arredores da embaixada e seguiram em passeata para a sede das Nações Unidas em Tegucigalpa.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu hoje que realizará, na sexta-feira, uma reunião de emergência sobre a crise em Honduras.
A reunião foi convocada pelos Estados Unidos, que preside o Conselho de Segurança, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula fez tal solicitação durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, após Zelaya se refugiar na embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Segundo fontes diplomáticas, ao final da reunião o Conselho de Segurança deve se manifestar sobre a inviolabilidade da sede diplomática brasileira, cercada por policiais e militares.
O conflito político em Honduras se agravou na segunda-feira passada, quando o presidente deposto voltou secretamente ao país, após quase três meses de exílio, e se refugiou na embaixada do Brasil.