O porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, disse nesta quinta-feira (24/9) que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, poderá ficar abrigado na embaixada brasileira, em Tegucigalpa, o tempo que quiser.
"É claro que o presidente Zelaya ficará na embaixada brasileira o quanto for necessário para que se resolva a situação. O Brasil deu abrigo para o presidente Zelaya, ele corre o risco de ser preso ao sair da embaixada", disse Baumbach.
[SAIBAMAIS]O Ministério das Relações Exteriores informou que 100 pessoas estão com Zelaya na embaixada. Questionado se o grupo também é considerado abrigado, o porta-voz respondeu que o governo não vai selecionar quem precisa ou não de proteção. "Se as pessoas entraram na embaixada brasileira e pediram essa proteção se supõe que elas necessitem. O governo brasileiro não está preocupado no momento em fazer uma seleção de quem precisa ou não estar lá", alegou.
De acordo com Baumbach, o presidente Lula não autoriza o uso da embaixada para "conchavos políticos". "O presidente Lula não autoriza que seja utilizada a embaixada para conchavos políticos. Acreditamos que exista possibilidade de solução negociada para esse problema. O Brasil acredita que a solução negociada já está a caminho", afirmou.
Baumbach reafirmou que o governo brasileiro não sabia do plano de Zelaya de retornar a Honduras e que o pedido para que ficasse na embaixada foi uma surpresa. Em Nova York, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que sabia da volta do presidente deposto e ajudou a "despistar" autoridades enquanto o hondurenho tentava retornar ao país.
Lula e Chávez vão se encontrar neste fim de semana para encontro bilateral e para a Cúpula América do Sul-África (ASA), em Isla Margarita, na Venezuela. Eles devem discutir a situação de Honduras.
Desde a volta de Zelaya a Honduras na segunda-feira (21), as ruas de Tegucigalpa viraram palco de manifestações a favor e contra o presidente deposto. Mais de cem pessoas foram presas e uma morreu por causa de confrontos entre a polícia hondurenha e manifestantes pró-Zelaya, conforme informações da agência de notícias BBC Brasil. Devido aos protestos, a embaixada brasileira está cercada por policiais e soldados hondurenhos.