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China e Japão se comprometem na luta contra as emissões de CO2

O presidente chinês, Hu Jintao, se comprometeu nesta terça-feira na ONU a reduzir "significativamente" o aumento das emissões de gases poluentes de seu país daqui até 2020 comparativamente a 2005. "Vamos reduzir significativamente nossas emissões de dióxido de carbono (CO2) por ponto de crescimento econômico daqui a 2020 comparativamente a seu nível de 2005", disse na Cúpula da ONU sobre o compromisso climático. "Depois, vamos vigorosamente desenvolver energias renováveis e energia nuclear", acrescentou em uma intervenção muito esperada. "Vamos aumentar a parte das energias não-fosseis no consumo do país a aproximadamente 15% até 2020", disse Hu. A China se tornou a primeira emissora de gases causadores do efeito estufa do planeta, à frente dos EUA. Estes dois países são responsáveis juntos por 40% das emissões mundiais de CO2. Hu também se comprometeu a aumentar a capacidade do país de absorver o CO2 emitido na atmosfera aumentando a cobertura florestal da China em 40 milhões de hectares daqui 2020 comparativamente a 2005. "Vamos acelerar nossos esforços para desenvolver uma economia sustentável, uma economia com baixa taxa de carbono, aceleração da pesquisa e desenvolvimento e disseminação das tecnologias verdes", declarou. O presidente chinês disse também que, para os países em desenvolvimento, a primeira prioridade é agora o crescimento econômico, a erradicação da pobreza e a melhora do nível de vida, dando a entender que a redução do gás poluente não é a prioridade destas nações. O novo primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, por sua vez, também falando ante a assembleia, confirmou o compromisso de seu país de reduzir as emissões de gás de efeito estufa, além de anunciar um aumento das ajudas aos países pobres na luta contra o aquecimento global. "Para seus objetivos a médio prazo, o Japão se esforçará em reduzir suas emissõse em 25% antes de 2020, em relação a seus níveis de 1990", indicou Hatoyama durante a cúpula das Nações Unidas sobre o clima. Para conseguir isso, prometeu "mobilizar todas as ferramentas políticas disponíveis", incluindo a criação de um mercado nacional de permissão de emissão ou instaurando uma taxa sobre as emissões de carbono. Este novo objetivo é muito mais ambicioso que o do governo anterior, que buscava uma redução de apenas 8%. "O Japão também está disposto a proporcionar um apoio financeiro e técnico para acompanhar os progressos da negociação internacional", acrescentou o primeiro-ministro. "A ajuda financeira pública e a transferência de tecnologias para os países em vias de desenvolvimento são particularmente importantes", enfatizou. Os Estados Unidos receberam nesta terça-feira com prudência o compromisso assumido pelo presidente chinês. O enviado especial americano para a mudança climática, Todd Stern, disse aos jornalistas que Hu não falou em números precisos. "Tudo isso depende da dimensão que isto tem", disse. "Eu acho que o presidente Hu está falando de passar de uma medida calculada em intensidade energética a uma medida em intensidade carbônica, isto pode ser bom, mas tudo depende da cifra", acrescentou. Mas o ex-vice-presidente americano e Prêmio Nobel da Paz, Al Gore, afirmou nesta terça-feira que acha positivas as promessas de ações chinesa e japonesa contra o aquecimento do planeta, feitas durante a cúpula das Nações Unidas sobre o clima. "A China mostra um espírito de iniciativa impressionante para lutar contra o aquecimento climático", declarou Al Gore à imprensa, em um foro realizado à margem da cúpula. Os objetivos de redução, antes de 2020, do aumento das emissões de CO2 da China vinculado a seu crescimento econômico apresentados pelo presidente Hu Jintao "não são insignificantes", estimou Gore. Ao citar, além disso, os investimentos importantes feitos pela China em termos de energia eólica e solar, Al Gore afirmou que todos esses esforços são importantes. "E dispomos de todas as indicações que mostram que, em caso de progressos importantes nas negociações (de Copenhague), a China estará pronta para fazer inclusive mais".