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Zelaya fez 'longa' viagem de volta para enganar agentes

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta segunda-feira que seu regresso secreto ao país foi "muito longo" e exigiu a mudança constante de meios de transporte para enganar os controles militares e policiais. O périplo foi "muito longo, levou mais de 15 horas", disse Zelaya, que reapareceu hoje na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, após ser derrubado e expulso do país por um golpe de Estado, em 28 de junho passado. Sem dar detalhes, ao que parece para não comprometer quem o ajudou a voltar, após quase três meses de exílio, Zelaya contou que a viagem exigiu um minucioso planejamento. "Tivemos que realizar diferentes movimentos, em vários países, alternando os meios de transporte, planejando para escapar dos bloqueios militares e policiais que existem", disse Zelaya, que permaneceu na Nicarágua durante a maior parte de seu exílio. Em 5 de julho passado, em sua primeira tentativa de voltar a Honduras, os militares bloquearam a pista do aeroporto de Toncontín, impedindo o pouso do avião de Zelaya. Na segunda tentativa, em 24 de julho, os soldados impediram a entrada de Zelaya por terra, pela fronteira com a Nicarágua. "Deus faz milagres. Deus faz milagres e cega quem não quer vê-los. Realmente pode fazer mil proezas, estratégias, vencer mil obstáculos", disse. Foi um incrível esforço "para conseguir chegar aqui, na minha capital, para estar com meu povo, com o povo que tanto amo". "Agora vou buscar o diálogo para resolver o problema". Zelaya foi ao terraço da embaixada do Brasil em Tegucigalpa para saudar os milhares de manifestantes que estão diante da sede diplomática, e pediu calma à multidão. Após confirmar a presença de Zelaya em Tegucigalpa, o presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, decretou o toque de recolher, por 15 horas. "Devido aos acontecimentos ocorridos nas últimas horas, decidimos estabelecer o toque de recolher para todo o território nacional, a partir das 04H00 da tarde (19H00 Brasília) desta segunda-feira, até às 07H00 da manhã (10H00 Brasília) de terça", disse um porta-voz da presidência. Em Nova York, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, declarou que o "Brasil não teve nenhuma interferência" nos fatos que levaram à presença de Zelaya em sua embaixada, e apenas se limitou a conceder permissão para que ele entrasse na sede diplomática. Amorim disse ter entrado em contato com o secretário-geral da OEA (José Miguel Insulza) e com o governo norte-americano para afastar qualquer tipo de ameaça à segurança de Zelaya e aos funcionários da embaixada.