O presidente russo, Dimitri Medvedev, celebrou a "decisão responsável" de seu colega americano Barack Obama, que nesta quinta-feira anunciou que os Estados Unidos vão abandonar o projeto de escudo antimísseis na Europa promovido por seu antecessor, George W. Bush.
"Valorizamos o enfoque responsável do presidente dos Estados Unidos para realizar nosso acordo. Estou disposto a seguir o diálogo", declarou o presidente russo falando à tv russa.
Antes, a chancelaria de Moscou negou ter concluído qualquer acordo secreto e troca da decisão norte-americana.
"Alguns meios de comunicação afirmam que existe um suposto acordo sobre o escudo antimísses. Posso afirmar que isto não corresponde a nossa política, nem com a maneira de abordar qualquer tipo de problemas com qualquer país. São meras conjecturas", afirmou Andrei Nesterenko, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.
Parte da imprensa informou no decorrer do ano que o presidente americano, Barack Obama, teria afirmado às autoridades russas que o sistema de defesa antimísseis seria desnecessário se Moscou convencesse o Irã a não produzir mísseis de longo alcance e armas nucleares.
A chanceler alemã Angela Merkel, por sua vez, saudou a decisão dos Estados Unidos e a classificou de "sinal de esperança" para se aproximar da Rússia.
"Considero que a decisão deste dia é um sinal de esperança" que pode contribuir para "superar as dificuldades com a Rússia", declarou Merkel à imprensa, ao chegar a uma reunião de dirigentes da União Europeia (UE) às vésperas da cúpula do G20 de Pitsburgh.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, assegurou que apoia "totalmente" a decisão dos Estados Unidos.
"Apoio totalmente a decisão tomada pelo presidente (Barack) Obama hoje", declarou em uma entrevista coletiva à imprensa durante a cúpula de chefes de Estado e de Governo em Bruxelas.
O primeiro-ministro polonês e o presidente tcheco comentaram a decisão dos Estados Unidos, e se mostraram otimistas em relação à segurança de seus Estados e ao futuro de suas relações com Washington.
"É uma decisão autônoma do presidente dos Estados Unidos e de seu governo", declarou o chefe do Executivo polonês Donald Tusk à imprensa, após uma conversa por telefone com o presidente norte-americano Barack Obama.
"Essa decisão do governo norte-americano não surpreendeu de maneira alguma aqueles que acompanharam atentamente os sinais que se anunciavam nos últimos meses", declarou o presidente tcheco, Vaclav Klaus.
Mas algumas personalidades políticas polonesas e tchecas reagiram decepcionadas.
"Se isso se confirmar, será um fracasso do pensamento de longo prazo do governo norte-americano nesta parte da Europa", declarou à rede TVN24 Aleksander Szczyglo, chefe da gabinete para a segurança nacional da Presidência polonesa.
Internamente, o anúncio do abandono do projeto da era Bush suscitou imediatamente a desaprovação de políticos republicanos, como o senador John McCain, para quem essa decisão "unilateral é um grave erro" que "corre o risco de minar a percepção de liderança norte-americana no Leste Europeu".
"A decisão anunciada pelo governo é perigosa e míope", disse em um comunicado o número dois republicano no Senado, Jon Kyl.
Em 2008, Varsóvia e Washington firmaram um acordo para a mobilização na Polônia até 2013 de dez interceptores de mísseis balísticos de longo alcance, aos quais se somaria um potente radar na República Tcheca.
Após chegar à Presidência, Obama ordenou uma reavaliação do projeto de George W. Bush destinado, segundo Washington, a responder às ameaças procedentes de países como o Irã, enquanto que a Rússia considerava que atentava contra sua segurança.