O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira, em entrevista à AFP, o esgotamento de todas as opções diplomáticas disponíveis para convencer o Irã a desistir de seu programa nuclear, oferecendo-se para discutir o tema durante a visita a Brasília do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que pode acontecer ainda este mês.
"Antes de aprovar mais sanções, deveríamos esgotar todas as opções diplomáticas. Temos de convencê-los pelo diálogo, sem colocá-los contra a parede", declarou.
"O Brasil pode falar com o Irã, porque é um país importante e que não faz parte do bloco que pressiona", explicou Lula, referindo-se às potências ocidentais que querem que o Irã abandone seu programa nuclear.
"Nossa posição é a de que o Irã deve poder, como o Brasil, desenvolver sua política nuclear. Existe uma determinação das Nações Unidas estipulando que é permitido desenvolver energia nuclear com fins pacíficos", lembrou o dirigente.
O principal assessor de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, destacou recentemente que "o presidente (americano Barack) Obama pediu ao Brasil que exerça um papel de moderador com o governo iraniano; e o próprio ministro israelense das Relações Exteriores (Avigdor Lieberman, que esteve em Brasília há duas semanas) disse que o Brasil poderia desempenhar este papel".
O presidente Ahmadinejad cancelou uma viagem que faria ao Brasil em maio, e a adiou para depois das eleições em seu país.
A embaixada do Irã no Brasil afirmou que Lula será o primeiro chefe de Estado que Ahmadinejad visitará depois de assumir a presidência pela segunda vez.
Na contramão da maioria das potências ocidentais, o Brasil reconheceu os resultados das eleições iranianas de junho, marcadas pela vitória de Ahmadinejad e por violentos protestos organizados pela oposição, que denunciou a existência de fraudes.