O ministro da Defesa nomeado no Irã, Ahmad Vahidi, é objeto de um pedido de prisão internacional da Interpol desde novembro de 2007 por suspeita de participar no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, declarou nesta sexta-feira o promotor argentino Alberto Nisman.
"Vahidi não apenas possui um pedido de prisão por parte da justiça argentina, como também é uma das pessoas cuja circular vermelha foi aprovada pela Interpol, depois do voto favorável da grande maioria de seus membros na Assembléia Geral de novembro de 2007", afirmou o promotor à imprensa.
Já em março de 2007, a Interpol emitiu o primeiro pedido de prisão contra vários ex-altos funcionários iranianos a pedido da justiça argentina.
Nisman, encarregado da investigação da explosão contra a Amia, que deixou 85 mortos e 300 feridos, afirmou ainda: "Esta nomeação é muito grave, já que Vahidi é uma pessoa que, como o ex-chefe do grupo especial Al Quds, está muito envolviido com o atentado".
A Argentina também tenta levar para o banco dos réus por este caso o ex-presidente iraniano Ali Akbar Rafsanjani, o ex-ministro da Segurança, Ali Fallahijan, o ex-chanceler Ali Velayati, o ex-chefe da Guarda dos Pasdarnas, Moshen Rezai, e Vahidi.
A designação de Vahidi para integrar o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, também foi criticada pela comunidade judaica na Argentina, que conta com cerca de 300.000 membros, a maior da América Latina.
"Estamos totalmente chocados e indignados com a nomeação de Vahidi, que é vergonhosa e insultuosa", disse o presidente da Amia, Guillermo Borger.
O presidente da delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA), Aldo Bonzis, expressou em uma declaração "a mais forte condenação e repúdio pela nomeação", que é "uma afronta indescritível às vítimas, a suas famílias e à República da Argentina e seu sistema judicial".
Bonzis recordou que, de acordo com a investigação, Vahidi "participou da reunião com altas autoridades do regime iraniano na qual decidiu-se atacar a sede da comunidade judaica em Buenos Aires na Argentina".
Ian Kelly, porta-voz do departamento de Estado americano, declarou nesta sexta-feira que a designação de Vahidi é "perturbadora".
"Se estas informações forem verdadeiras, e se este homem for confirmado como ministro mesmo sendo procurado pela Interpol por seu envolvimento em um ato terrorista, certamente será perturbador", indicou Kelly.
Dias atrás, ao participar de um evento para relembrar o atentado, a presidente argentina, Cristina Kirchner, reafirmou o desejo de "verdade e justiça" e o "compromisso de continuar lutando para o esclarecimento do ataque terrorista" de seu país.
"Há um pedido na justiça do Irã para que os acusados sejam levados à justiça da Argentina, onde a ordem de prisão foi solicitada pela promotoria", destacou a presidente.
Em 1992, outro atentado destruiu a Embaixada de Israel em Buenos Aires, deixando 22 mortos e 200 feridos, mas os culpados ainda não foram identificados.
O ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999) está atualmente sendo julgado por cumplicidade no caso Amia, juntamente com um grupo de altos funcionários de seu governo, em especial aqueles que eram responsáveis pelas áreas da segurança e inteligência.