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Famílias americanas indignadas por libertação de Lockerbie

WASHINGTON - Familiares de vítimas do atentado de 1988 em Lockerbie expressaram sua indignação com a libertação do único homem condenado pelo ataque, que nesta quinta-feira foi recebido na Líbia como herói.

Abdelbaset Ali Mohmet al-Megrahi, 57 anos, que está com câncer terminal, foi solto por "razões humanitárias" por decisão do governo escocês.

Stephane Bernstein, cujo marido morreu com outras 269 pessoas no voo 103 da Pan Am, disse que a festa para receber Megrahi em Trípoli mostra a "ingenuidade" do ministro da Justiça da Escócia, Kenny MacAskill, e do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "É ingenuidade acreditar que isto é o correto. Vimos como foi recebido como herói esta tarde em Trípoli e me deixa triste saber que nosso presidente (Obama) também é ingênuo".

Segundo Susan Cohen, "estamos falando de um crime em massa, de um ato de terrorismo, que matou tantos jovens inocentes (...) E agora é libertado por... compaixão?".

Teodora, a única filha de Cohen, era uma estudante de teatro de 21 anos da Universidade de Siracusa e voltava para casa após as férias quando o avião da Pan Am explodiu sobre Lockerbie, na Escócia. "Se querem sentir pena de alguém, por favor, sintam pena de mim, por minha pobre filha cujo corpo caiu do céu".

O líbio cumpria desde 2001 uma sentença de prisão perpétua pelo atentado contra o avião da Pan American que fazia o trajeto entre Londres e Nova York.

Ao justificar a libertação de Megrahi, o ministro MacAskill destacou que "o sistema exige que se imponha justiça, mas que esteja disponível a compaixão e nossas crenças ditam que se faça justiça, mas que se mostre misericórdia".