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CIA recrutou agentes da Blackwater para matar membros da Al-Qaeda

A CIA recrutou agentes da empresa de segurança Blackwater para matar dirigentes da Al-Qaeda em 2004 dentro de um programa secreto, revela nesta quinta-feira a imprensa americana, citando altos funcionários da inteligência dos Estados Unidos. O programa, no qual a CIA gastou milhões de dólares, foi suspenso antes de ter realizado a primeira missão, e o uso de uma empresa privada foi uma das razões dessa suspensão, segundo o New York Times. O jornal, que cita altos funcionários do governo, afirma que a CIA afirmou acordos separados com diretores da Blackwater ao invés de contratos formais com o grupo. O Departamento de Estado rompeu seus vínculos com a empresa depois das acusações de que seus agentes haviam cometido abusos no Iraque. O grupo, com sede na Carolina do Norte, mudou de nome e agora se chama Xe, depois de ter sido proibido em janeiro pelo governo iraquiano por causa de um tiroteio no qual estiveram envolvidos vários de seus agentes e que terminou com a morte de 17 pessoas em 16 de setembro de 2007. Pouco depois de ter tomado conhecimento desse programa em junho, o diretor da CIA, Leon Panetta, nomeado pelo presidente Barack Obama, pôs fim a ele e informou aos parlamentares, o que não era feito desde 2001. "Panetta achou que o Congresso deveria ser informado dessa medida, e o fez. Ele sabia também que esse programa não teria êxito, e, então, o interrompeu", declarou à AFP um porta-voz da CIA, George Little, recusando-se, entretando, a confirmar a existência de uma colaboração com a Blackwater dentro do programa. A maior empresa privada de segurança utilizada pelos Estados Unidos no Iraque se converteu no símbolo da entrada de firmas privadas nas guerras do século XXI. Os iraquianos reprovam a impunidade com que seus agentes atuam. O polêmico programa secreto da CIA atribuía à Blackwater "a responsabilidade operacional" da perseguição a líderes da Al Qaeda, e por este serviço recebeu "milhões de dólares para treinamento e equipes", informou, por sua vez, o Washington Post.