EDIMBURGO - O ministro da Justiça da Escócia, Kenny MacAskill, anunciou nesta quinta-feira (20/8) que decidiu libertar, por razões humanitárias, o único condenado pelo atentado de Lockerbie e autorizá-lo a voltar a seu país de origem, a Líbia.
MacAskill declarou que Abdelbaset Ali Mohamed Al Megrahi, de 57 anos e portador de um câncer em fase terminal, pode voltar para a Líbia para morrer junto a sua família. Megrahi foi condenado à prisão perpétua por ter participado do atentado contra o voo 103 da Pan American World Airways, que explodiu quando sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie em 1988, matando 270 pessoas.
O líbio, de 57 anos, cumpre desde 2001 uma sentença de prisão perpétua - com obrigação mínima de 27 anos - pelo atentado contra o voo que percorria o trajeto entre Londres e Nova York. Ele foi condenado pela justiça escocesa em um tribunal especial reunido em Haia.
O governo escocês informou que recebeu, em julho, um pedido de libertação de Al-Megrahi por razões médicas, após outra solicitação, em maio, para a transferência do condenado à Líbia, com base em um acordo bilateral, um tratado de transferência de prisioneiros entre Líbia e Reino Unido. Megrahi, que teve o câncer diagnosticado no ano passado, também apresentou um recurso contra sua sentença no começo do ano. Segundo seu advogado, a doença se espalhou para outras partes do corpo e está em fase avançada.
A notícia da possibilidade da libertação provocou reações diferentes entre as famílias das vítimas do atentado - 259 pessoas a bordo do avião e 11 em terra -, originárias de 21 países, a maioria dos Estados Unidos.
Susan Cohen, que perdeu a filha de 20 anos, Theodora, se declarou "enojada" com a possibilidade da libertação, que chamou de "infame". Outros afirmaram temer que Megrahi seja recebido como um herói na Líbia ou que a libertação seja interpretada como uma rendição ao terrorismo.
O britânico Martin Cadman, que perdeu o filho Bill na tragédia, tem opinião diferente. Em entrevista à BBC ao lado de Jim Swire, pai de outra vítima, afirmou que Megrahi é "inocente" e que o julgamento foi uma "farsa".