PARIS - Dois dissidentes iranianos fizeram um remake da famosa história em quadrinhos "Persépolis", de Marjane Satrapi, rebatizada agora de "Persépolis 2.0", para denunciar as condições da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad e protestar contra a repressão no país. "Persépolis", publicada no início da década de 2000 na França e adaptado ao cinema em 2007, conta a queda do Xá, em 1979, e a Revolução Islâmica.
Conhecidos como Sina e Payman, os dois jovens opositores conservaram os desenhos em preto e branco do álbum original e adaptaram os textos à situação atual. As manifestações contra o Xá, em 1979, se transformaram nos comícios contra a fraude eleitoral, por exemplo. "Eles disseram que queriam fazer algo com meu trabalho e eu dei minha autorização", afirmou Marjane Satrapi.
Como muitos iranianos que se exilaram, os dois opositores, atualmente morando em Xangai, não viveram diretamente as eleições no Irã e as suas consequências. "Ficamos impressionados com a coragem do nosso povo e com muita raiva do governo e os falsos julgamentos", dizem.
Os quadrinhos originais de Marjane Satrapi, em quatro volumes, são muito populares no Ocidente, e também no Irã, e sua adaptação para o cinema foi premiada com o Prêmio do Júri em 2007 no Festival de Cannes.
Segundo Sina e Payman, mais de 100 mil pessoas acessaram, em poucas semanas, o site de 'Persépolis 2.0', principalmente nos Estados Unidos e na França. "Fomos severamente atacados por vários jornais ultraconservadores que são os porta-vozes do governo. Este é um bom sinal", salientou.
Em junho, Marjane Satrapi, pediu que a comunidade internacional não reconhecesse a reeleição do presidente Ahamadinejad.