CABUL - Quase 250 mil observadores, dos quais apenas 10% independentes, estão encarregados de vigiar o desenvolvimento das eleições presidenciais e provinciais no Afeganistão nesta quinta-feira (20/8) e impedir a ocorrência de fraudes, em colégios eleitorais sob a ameaça os atentados talibãs.
[SAIBAMAIS]Os observadores, que em 90% dos casos são delegados dos próprios candidatos ou partidos políticos, e afegãos em sua maioria, serão distribuídos em quase 7 mil locais de votação, numa eleição que representa um verdadeiro desafio logístico. Mas, de acordo com os observadores da ONU, a distribuição do material e dos funcionários está transcorrendo de acordo com as previsões.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia anunciou que seus observadores constataram "irregularidades no procedimento de registro dos eleitores, o que cria um potencial de fraude".
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) expressou preocupação de que a violência, a fraude e as intimidações possam comprometer o bom desenvolvimento das eleições. Segundo a ONG, a segurança é consideravelmente menor que a das eleições presidenciais de 2004 e das eleições legislativas e provinciais de 2005.
Segundo Bill Gallery, membro da organização americana de observadores Democracy International, a insegurança vai impedir os observadores estrangeiros de chegar às regiões mais instáveis. A Comissão Eleitoral afegã indicou que mais de 10% dos 7 mil centros de votação previstos talvez nem abram por causa da insegurança reinante.
Nader Nadery, presidente da Fundação para Eleições Livres e Justas (Fefa), a principal organização de observadores eleitorais independentes afegãos, cujo número gira em torno dos 7.300, se preocupa com a grande quantidade de observadores parciais enviados pelos candidatos e os partidos políticos, nove vezes mais numerosos que os independentes. Mas isso não preocupa Bill Gallery, que considera que os delegados dos candidatos e dos partidos se vigiarão mutuamente e impedirão assim as pressões e as fraudes.
Os quase 400 observadores internacionais, por seu lado, dizem estar preparados para qualquer problema. "Sempre haverá irregularidades nesse tipo de país", afirma Margie Cook, observadora da ONU. "Mas temos procedimentos sólidos para detectar as fraudes".
Os observadores deverão garantir que os colégios abram na hora, que o material de votação tenha chegado, que nenhum eleitor sofra pressão e que ninguém vote duas vezes. Por fim, devem cuidar que as cédulas sejam colocadas novamente nas urnas depois da votaçao, e que as urnas sejam fechadas hermeticamente antes de serem enviadas a Cabul, onde, em caso de queixa, deverão ser novamente apuradas.