As autoridades venezuelanas detiveram por horas dezenas de colombianos que esperavam receber documentos de identificação em Caracas, distribuídos com frequência no consulado do país, informou a cônsul colombiana na cidade, María Elvira Cabello. Em entrevista ao canal Globovisión, ela disse que entre 20 e 30 colombianos, entre eles um diplomata da missão colombiana, ficaram presos ontem por várias horas em uma delegacia de Caracas.
A polícia também levou computadores que pertenciam ao consulado e passaportes de alguns dos detidos, segundo a cônsul. "Creio que não era preciso deter os colombianos e tirar os passaportes, as cédulas (de identidade), nem de reter os computadores, já que as equipes e o material consular têm imunidade diplomática", afirmou.
María Elvira disse que a polícia informou que o consulado deveria pedir permissão para distribuir as cédulas de identidade. No entanto, a diplomata indicou que as autoridades já haviam recebido uma notificação a respeito. Iniciativas similares já foram feitas no passado sem problema, segundo a cônsul. O Ministério da Justiça da Venezuela ainda não se pronunciou sobre o caso. A pasta controla as forças policiais da cidade.
O incidente pode elevar ainda mais a tensão entre Venezuela e Colômbia. Bogotá negocia um acordo para que os Estados Unidos utilizem bases militares em território colombiano a fim de combater o narcotráfico e a guerrilha. Caracas se opõe ao acordo e afirma que há inclusive o risco de uma "guerra" na região, segundo o presidente venezuelano, Hugo Chávez. "Isso é o só o começo de uma escalada militar", afirmou ontem Chávez. "É uma ameaça para todos nós". A Colômbia nega que o acordo ameace os vizinhos. Várias autoridades norte-americanas já disseram que os militares dos EUA na Colômbia não vão superar o limite atual, de 800 soldados norte-americanos e 600 funcionários de apoio civil.