BEIRUTE - Os atos de tortura e as execuções sumárias contra homens suspeitos de ser homossexuais aumentaram no Iraque e as autoridades não fazem nada para prevenir os atos de violência, afirma a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
Um relatório de 67 páginas destaca que centenas de homens foram sequestrados, torturados e assassinados este ano no grande bairro pobre xiita de Sadr City, em Bagdá, um reduto do Exército de Mahdi, a milícia do clérigo radical Moqtada al-Sadr.
O informe, com o título "Querem nos exterminar: assassinato, tortura, orientação sexual e gêneros no Iraque", afirma que é impossível conhecer o número exato de mortos, mas que as estimativas são de centenas de vítimas.
O documento afirma ainda que fontes do Exército de Mahdi declararam que a ação militar era um 'remédio' contra a transformação dos homens iraquianos em pessoas "efeminadas". Também citam uma "ameaça para a virilidade dos iraquianos".
Algumas execuções podem ser consideradas "crimes de honra", já que são cometidas por membros das famílias das vítimas.
Segundo o informe, muitos fugiram para países vizinhos, apesar da homossexualidade também ser punida em Estados como Egito, Jordânia e Líbano. "Várias milícias no Iraque imaginam que estão aplicando a sharia (lei corânica), mas os assassinatos foram cometidos sem provas nem julgamentos", completa a HRW. Testemunhas também citam o envolvimento de oficiais das forças de segurança iraquianas nos crimes.