O americano John Yettaw, preso em Mianmar por ter entrado na residência em que a líder opositora Aung San Suu Kyi cumpria prisão domiciliar, foi expulso do país neste domingo (16/08), depois da visita do senador americano Jim Webb, que obteve a libertação do condenado .
O avião militar com Yettaw e Webb decolou do aeroporto de Yangun e pousou em Bangcoc poucas horas depois.
Yettaw foi entregu a funcionários da embaixada dos Estados Unidos e se encontrou com Webb já no aeroporto.
John Yettaw, um mormón de 54 anos, foi o responsável pela acusação e o último julgamento de Suu Kyi. O americano foi condenado a sete anos de prisão e trabalhos forçados por ter violado em maio várias leis birmanesas ao entrar na casa da opositora, depois de cruzar a nado o lago que cerca a residência.
Por este episódio, a prêmio Nobel da Paz, de 64 anos, foi condenada a 18 meses adicionais de prisão domiciliar.
A sentença de Yettaw, que sofreu várias crises de epilepsia na penitenciária de Insein, foi comutada por uma de três anos e meio de prisão e mais tarde transformada em pena com sursis, segundo o governo birmanês.
As circunstâncias da libertação de Yettaw recordam o indulto conseguido no início de agosto na Coreia do Norte pelo ex-presidente americano Bill Clinton para duas jornalistas americanas condenadas a 12 anos de trabalhos forçados por, segundo Pyongyang, terem entrado ilegalmente em março no país.
Jim Webb, senador democrata por Virginia, ligado ao presidente Barack Obama, se reuniu no sábado com o general Than Shwe, chefe da junta birmanesa, sendo assim o primeiro político americano a se encontrar com um dirigente da junta militar desde 1992.
Depois do encontro de uma hora em Naypyidaw (capital administrativa birmanesa), o senador viajou a Yangun, onde se reuniu por 45 minutos com Suu Kyi, que passou 14 dos últimos 20 anos privada da liberdade.
"Sou muito agradecido ao governo birmanês. Espero que possamos aproveitar estes gestos para começar a construir as bases de uma relação baseada na confiança e na bova vontade no futuro", declarou Webb.
Jim Webb, 63 anos, veterano da guerra do Vietnã que preside uma subcomissão de Relações Exteriores no Senado, declarou também que pediu a libertação de Suu Kyi, a quem agradeceu pelos "sacrifícios que consentiu em favor da democracia".
Mas o encontro com Than Shwe e as conjecturas sobre eventuais contrapartidas prometidas pela libertação de Yettaw irritaram alguns grupos opositores birmaneses, que criticaram o fato de Webb deixar o país com o americano, enquanto Suu Kyi permanece detida.
"Isto provavelmente deixa uma impressão negativa na população birmanesa", afirma Aung Din, diretor da US Campaign for Burma, uma organização que reúne exilados birmaneses nos Estados Unidos.
Caso não seja adotada uma medida de clemência antes de 2010, a opositora não poderá participar nas eleições prometidas pela junta para o próximo ano.