Hondurenhos partidários do presidente deposto, Manuel Zelaya, treinam para formar um "Exército Popular" na região montanhosa de Nueva Segovia, na Nicarágua, próxima à fronteira com Honduras.
Um grupo com cerca de 100 voluntários, formado na maioria por jovens, mas também por homens mais velhos e algumas mulheres, realizava exercícios físicos e simulava manobras de combate, sob as ordens de hondurenhos que se identificaram como ex-membros do Exército, constatou a Agência France Press no local.
Os novos milicianos, a maioria camponeses humildes, muitos descalços, mostram entusiasmo e gritam frases de apoio a Zelaya e contra o governo interino, liderado por Roberto Micheletti.
O treinamento ocorre a poucos quilômetros do território hondurenho e, segundo os instrutores do "Exército Popular", outros acampamentos foram montados ao longo da fronteira.
Carlos Gadea, um congressista opositor de Nueva Segovia, confirmou que há hondurenhos sendo treinados em várias fazendas da região, com o apoio financeiro da Venezuela.
Zelaya anunciou na quarta-feira passada que formaria o próprio exército com os mais de 300 partidários que permanecem na cidade nicaraguense de Ocotal, para cruzar a fronteira e retomar o poder.
Na sexta, o presidente deposto advertiu para o risco da "violência generalizada" caso não se reverta o golpe de estado que o tirou do governo, em 28 de junho passado. "Ou revertemos o golpe ou haverá violência generalizada" no país, disse Zelaya em entrevista ao Canal 4 de Manágua. "Os povos têm direito a protesto, à insurreição, como é o caso do povo hondurenho, que está sendo brutalmente reprimido".
O governo interino de Honduras suspendeu na véspera o toque de recolher que vigorava no país desde o golpe de estado, exceto pela região da fronteira com a Nicarágua.
"Resolvemos manter o toque de recolher apenas na região de fronteira no departamento de El Paraíso, assim como nas zonas fronteiriças de San Marcos de Colón, Duyure, Concepción de María, El Triunfo e Guasaule".