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'Atentado falido' do ETA deixa 65 pessoas feridas na Espanha, diz ministro

Era madrugada em Burgos, 245 quilômetros ao norte de Madri, quando um furgão Mercedes Vito branco explodiu atrás do quartel da Guarda Civil. O atentado, atribuído à organização terrorista ETA, deixou 65 pessoas levemente feridas. "Nesta noite, quase 120 pessoas dormiam no prédio, das quais 41 eram crianças, o que manifesta o caráter especialmente canalha do atentado", afirmou o ministro do Interior espanhol, Alfredo Rubalcaba. Ainda que ninguém tenha morrido, para Rubalcaba, o objetivo do atentado era provocar um massacre. "Um grande atentado falido que buscava vítimas mortais", classificou o titular da pasta. As vítimas sofreram cortes e pequenas feridas, mas já receberam alta. De acordo com autoridades de segurança, o total de explosivo usado pelo ETA poderia chegar a 200 quilos. As fontes de investigação apontam que o veículo teria sido carregado na tarde anterior e estacionado a 16 metros dos fundos do quartel. A explosão provocou uma cratera de sete metros de diâmetro e um metro e meio de profundidade no solo, além de afetar as 14 plantas do conjunto habitacional militar, onde vivem agentes da Guarda e seus familiares. De acordo com uma primeira avaliação do Corpo de Bombeiros, apesar dos estragos na fachada, o prédio não sofreu danos estruturais. Um estudo mais aprofundado sobre os alicerces do edifício deve ser realizado nos próximos dias. Além dos moradores do prédio, que foram realojados em outra residência militar, oitenta moradores de prédios adjacentes também tiveram de deixar suas casas até que a área seja considerada segura. "Sabemos que enfrentamos um grupo de assassinos; além disso, hoje sabemos que são assassinos selvagens e enlouquecidos, o que os torna mais perigosos mas não mais fortes", assegurou o ministro. Não houve nenhum telefonema de aviso ou reivindicação por parte do ETA, mas Rubalcaba afirma que esse é o procedimento quando o alvo é a Guarda Civil. Os quartéis e residências dos agentes da Guarda Civil espanhola são um dos principais alvos da ETA. O conjunto já sofreu 89 atentados, nos quais 33 pessoas morreram e mais de 290 ficaram feridas. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, condenou o atentado. "Mais uma vez, quero expressar a solidariedade total da Comissão Europeia com os cidadãos e as instituições democráticas espanholas na luta contra o terrorismo", disse.