Pelo menos 55 pessoas foram mortas desde domingo no norte da Nigéria em confrontos entre a polícia e membros de uma seita islâmica radical pró-talibã.
O número de mortos nos Estados de Bauchi e de Yobe se eleva a 55, cinco policiais e 50 islamitas, informou nesta segunda-feira o inspetor-geral de polícia, Ogbonna Onovo, durante entrevista à imprensa em Abuja. O número anterior, divulgado na noite de domingo, era de 39 mortos, entre eles um soldado.
A violência no norte da Nigéria começou na manhã de domingo, quando a polícia impediu um ataque de integrantes da seita radical contra um de seus postos, no Estado de Bauchi. Em seguida, o confronto se propagou na região.
No Estado de Borno (nordeste), os membros da seita pró-talibã atacaram de madrugada a cidade de Gamboru-Ngala, na fronteira com a República dos Camarões.
Eles queimaram vivo um oficial da alfândega e enforcaram um engenheiro local, puseram fogo no posto da polícia, em prédios da alfândega e numa igreja, segundo um morador, Shafiu Mohammed, ouvido pela AFP.
Os islamitas radicais, com armas pesadas, dirigiram-se em seguida à capital de Borno, Maiduguri. Combates foram registrados nesta segunda-feira nesta cidade, segundo o inspetor-geral da polícia, Onovo.
"A situação degenerou; só ouvimos tiros desde cedo", declarou por telefone à AFP um morador de Maiduguri, Sanisu Ahamad.
"Muitos prédios oficiais foram queimados, entre eles a prisão central, e várias igrejas", acrescentou, explicando que as ruas estavam desertas.
Na tarde desta segunda-feira, os islamitas atacaram um quarto Estado setentrional, o de Kano, confirmou o porta-voz da polícia local, Baba Mohammed.
A seita responsável por essas violências tem como berço a cidade de Maiduguri, fazendo-se conhecer em 2004 quando estabeleceu sua base na cidade de Kanamma (Estato de Yobe), na fronteira com o Níger.
Composta essencialmente de estudantes que abandonaram seus cursos, ela possuía no começo cerca de 200 jovens muçulmanos extremistas. Seu tamanho atual é desconhecido. A exemplo do antigo regime talibã no Afeganistão, ela quer instaurar um Estado "islâmico puro" no norte da Nigéria.
O norte da Nigéria, com pelo menos 140 milhões de habitantes, é de maioria muçulmano, e o sul é de maioria cristã. Doze Estados setentrionais instauraram a charia (lei islâmica) desde 2000. O país é regularmente abalado por violências de dimensão religiosa.
Em novembro de 2008, mais de 700 pessoas morreram em confrontos político-religiosos em Jos (centro), segundo a organização Human Rights Watch. O número oficial é de 200 mortos.