O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que está na Nicarágua, estabeleceu sua base perto da fronteira para preparar sua volta ao país. Ele pediu aos soldados hondurenhos que ignorem a ordem de prisão contra ele e desdenhou das advertências de que seu retorno pode resultar em violência. "Não apontem seus rifles para o representante do povo ou para o povo" afirmou ele aos militares hondurenhos. Zelaya disse que fará uma segunda tentativa de retorno a Honduras amanhã, afirmando que os esforços de mediação, apoiados pelos Estados Unidos, foram encerrados.
[SAIBAMAIS]
Zelaya dirigiu um jipe até Esteli, cidade localizada a 40 quilômetros ao sul da fronteira com Honduras, onde se instalou num hotel na noite de ontem e planeja uma estratégia para reclamar o cargo de presidente. O governo interino prometeu deter o presidente deposto se ele colocar os pés em território hondurenho e impôs um toque de recolher entre 18h e 6h nas áreas fronteiriças.
Com seu típico chapéu de cowboy branco, o líder deposto, de 56 anos, estava acompanhado pelo ministro de Relações Exteriores da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, tem sido um dos maiores críticos do golpe ocorrido em 28 de junho. Zelaya afirmou que vai passar o dia de hoje estudando a melhor forma de entrar em Honduras, se por terra, mar ou ar. Ele pediu aos hondurenhos que se reúnam quando ele decidir cruzar a fronteira e pediu que os soldados não façam nada quando o virem.
"Eu estou a caminho de Honduras e eu espero que a maioria dos hondurenhos possa controlar os postos de controle, que eles se encaminhem para a fronteira e que não temam os soldados", disse Zelaya, durante uma conferência no hotel. "Eu sou forte, não temo, mas sei que estou em perigo", disse.
Negociações
Todos os governos do hemisfério ocidental condenaram o golpe, no qual soldados, sob ordens do Congresso e da Suprema Corte, detiveram Zelaya e o enviaram de avião para o exílio. Países de todos os espectros políticos dizem que o retorno de Zelaya ao poder é crucial para a estabilidade da região. Zelaya disse que a mediação, liderada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, fracassou depois que representantes do governo interino rejeitaram a possibilidade de ele retornar ao país para terminar seu mandato, que será encerrado em janeiro de 2010. Os representantes do governo afirmam que não podem desobedecer uma decisão da Suprema Corte, que proíbe que Zelaya retome o cargo.