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Austrália se prepara para o pior cenário da pandemia de gripe suína

SYDNEY - A Austrália alertou nesta quinta-feira que a gripe suína poder causar até 6.000 mortos no país se não for freada a expansão da pandemia.

Segundo a ministra da Saúde, Nicola Roxon, no entanto, o balanço de mortos provavelmente será menor que o previsto por essas projeções, que se baseiam na hipótese de uma falta de vacimas contra o vírus A (H1N1) e de antivirais.

"Essa é realmente a pior projeção que existe neste momento ", admitiu Roxon.

A Austrália é o país da região Ásia- Pacífico mais afetado pela pandemia, com 11.194 casos confirmados, o que representa quase 12% dos 94.500 casos confirmados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em função disso, o governo australiano tem previsto uma campanha de vacinação em massa a partir de outubro.

Os ministros da Saúde do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai se reuniram na quarta-feira, em Buenos Aires, para discutir a pandemia que está atingindo com força em pleno inverno austral.

Os países do Cone Sul verificam uma tendência de queda nos casos de gripe suína, mas é preciso ficar atento para uma possível segunda onda da epidemia, disse nesta quarta-feira o ministro argentino da Saúde, Juan Manzur, após a reunião das autoridades sanitárias da região.

"Há uma tendência de redução, mas precisamos ter cautela porque não descartamos uma segunda onda (da gripe suína) em nossos países", advertiu Manzur.

O grupo decidiu compartilhar informações e diagnósticos sobre a situação, além de monitorar a distribuição de antivirais na região, entre outras medidas.

"Manifestamos nossa preocupação com a disponibilidade de uma vacina, que deve estar pronta para comercialização até o final do ano, porque temos a informação de que boa parte da produção já está comprometida", revelou Manzur.

Nesse sentido, os participantes do encontro pediram ao representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS) na Argentina, Antonio Pagés, que assegure uma provisão de vacina aos países do Cone Sul.

Eduardo Hage, diretor do departamento de Vigilância Epidemiológica do Brasil, destacou que há 12 dias seu país adota a mesma metodologia da Argentina, incluindo nos relatórios todos os casos de doença respiratória aguda.

A gripe suína já matou cerca de 200 pessoas no Cone Sul, sendo 137 na Argentina, o segundo país em número de óbitos, superado apenas pelos Estados Unidos, com 211.

O Chile já registrou 33 mortes, Uruguai, 15, Paraguai, seis, Brasil, quatro, e Bolívia, dois.

Segundo a OMS, a gripe suína já infectou 94.500 pessoas em todo o mundo, com quase 500 óbitos.

De volta à Ásia, Hong Kong anunciou nesta quinta que está investigando as causas da morte de um homem de 42 anos no último dia 10, pois pode de tratar da primeira vitima fatal da doença na ex-colônia inglesa, que possui 1.467 casos.

A Europa também se prepara para enfrentar uma possível epidemia assim que terminar o verão boreal.

O laboratório francês Sanofi anunciou ter recebido um pedido do ministério francês da Saúde para iniciar a produução de uma vacina contra o novo vírus, um fornecimento incial de 28 milhões de doeses e mais 28 milhões opcionais.

Segundo a farmacêutica, serão necessários de quatro e seis meses para produzir as primeiras doses.

O grupo suíço Novartis também afirmou nesta quinta que recebeu vários pedidos - da França, Holanda e Suíça - de vacina contra o A (H1N1), durante a presentação de seus resultados semetrais, que apresentaram uma queda de 12% de seu lucro líquido.

Por fim, a Organização Internacional da Saúde Animal (OIE) recordou que papel dos porcos nessa infecção ainda não foi comprovado.

"Não existe nenhuma prova, no momento, de que os animais tenham algo a ver com a propação desse virus " afirmou a organização em um comunicado, insisindo que não há motivos para impor restrições às importações suínas.