A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, estendeu a mão nesta quarta-feira aos talibãs que estejam prestes a renunciar à violência, concedendo seu apoio à oferta de diálogo feita pelo presidente afegão Hamid Karzaï.
"Nós e nossos aliados combatemos no Afeganistão porque os talibãs protegem a Al-Qaeda e dependem desta rede, coordenando, às vezes, suas atividades", declarou a chefe da diplomacia americana em discurso no Council of Foreign Relations, um centro de pesquisa de Washington.
"Em outros termos, para eliminar a Al-Qaeda, devemos, também, combater os talibãs", acrescentou.
"Mas entendemos que nem todos os que combatem ao lado dos talibãs apóiam a Al-Qaeda e acreditam nas políticas extremistas aplicadas pelos talibãs quando estavam no poder", prosseguiu Hillary Clinton.
"Hoje, com nossos aliados afegãos, estamos preparados para saudar toda a pessoa que renuncie à Al-Qaeda, depondo armas, com o desejo de participar da sociedade livre e aberta prevista pela constituição afegã", concluiu.
Hillary Clinton não é a primeira dirigente americana a estender a mão aos talibãs arrependidos: em entrevista concedida no início de março ao New York Times, o presidente Barack Obama deixou a entender que seu país poderia iniciar discussões com alguns talibãs.
Destacando o sucesso da estratégia americana no Iraque que consistiu em fazer com que os rebeldes sunitas viessem à mesa de negociações, afastando-os da Al-Qaeda, Obama havia dito que "poderia haver oportunidades semelhantes no Afeganistão e na região paquistanesa".
Esta estratégia no Iraque foi concebida pelo general David Petraeus, então comandante das forças americanas no país.
Hillary Clinton também fez um apelo nesta quarta-feira aos países árabes para aprovarem, "agora", medidas "significativas" rumo à normalização de suas relações com Israel.
"Os países árabes têm, por responsabilidade, sustentar a Autoridade Palestina verbalmente e em seus atos, adotar iniciativas para melhorar as relações com Israel e preparar a opinião pública para abraçar a paz e a aceitar o lugar de Israel na região", declarou a chefe da diplomacia americana, no discurso pronunciado no Council of Foreign Relations.
Hillary Clinton também anunciou que iria à Rússia e ao Paquistão "no outono" para dar prosseguimento a esforços diplomáticos baseados no diálogo e no multilateralismo.