Quase 10 mil pessoas deixam diariamente Urumqi, capital da província chinesa Xinjiang, desde os confrontos étnicos de domingo, quando pelo menos 156 pessoas morreram. Com medo de novos atos de violência, milhares de habitantes uigures e hans invadiram ontem os pontos de ônibus e estações de trens para tentar fugir de Urumqi. No balanço divulgado pela agência Nova China, o número de mortos desde o início da semana subiu para 184.
A maioria das mesquitas em Xinjiang permanece fechada, mesmo ontem, dia de oração dos muçulmanos. Hantagri, uma das mais antigas mesquitas de Urumqi, está protegida por mais de 100 policiais armados. "Retornem para casa para orar", afirmam cartazes nas portas dos templos. Ainda ontem, a polícia antimotim chinesa dispersou uma pequena manifestação de uigures que deixavam as orações na vizinhança muçulmana da capital. Uma multidão de centenas de pessoas se formou perto da Mesquita Branca, ao lado dos policiais armados com submetralhadoras, enquanto veículos blindados bloquearam as ruas no entorno do edifício.
Centenas de uigures lotaram a região após as autoridades terem decidido fechar mesquitas no principal dia de orações para os muçulmanos para tentar minimizar as tensões. A cidade está sob forte vigilância das tropas oficiais. Mas a instabilidade na região pode resultar em novos embates entre os uigures muçulmanos, de língua turca, minoria na região, e os hans, a etnia majoritária na China.
As orações noturnas representaram um teste para a habilidade do governo de conter a ira dos uigures após chineses da etnia han terem atacados os bairros dos uigures na terça-feira. Esses ataques foram em revanche à morte de 156 pessoas durante uma briga com uigures no domingo, no pior conflito étnico em décadas.