L'AQUILA - As maiores economias do mundo, responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa, aceitaram limitar a 2°C o aumento da temperatura do planeta, informaram nesta quinta-feira em L'Aquila (Itália) fontes diplomáticas brasileiras e europeias.
Os 16 países do Fórum das Maiores Economias (FME) - o conjunto de nações formado pelas oito maiores potências industrializadas e os países de economia emergentes - se reunem nesta quinta-feira (9/7) por ocasião da cúpula do G-8 para debater o tema.
A ideia vai figurar no documento final do encontro e representa um grande avanço, declarou à imprensa o diplomata Luiz Alberto Figereido Machado, chefe dos negociadores para questões de meio ambiente do Brasil. "O FME aceitou a ideia dos 2°C", indicou, por sua vez, um diplomata europeu que não quis ser identificado.
O G-5 já havia se comprometido amplamente com as energias renováveis, como o Brasil, com os biocombustíveis, enquanto que a China e a Índia, embora ainda muito dependentes do carvão, desenvolvem capacidades em energia solar e eólica.
No rascunho da declaração final o FME "reconhece que o aumento médio da temperatura mundial não deve exceder os 2°C em relação aos níveis pré-industriais", que correspondem à temperatura do final do século XVIII. Com a introdução deste princípio, serão respeitadas as recomendações científicas baseadas em uma avaliação de que a temperatura do planeta já aumentou quase um grau desde então. O Fórum se compromete a "identificar um objetivo comum de redução das emissões de gases de efeito estufa antes de 2050", afirma o documento, sem precisar a porcentagem.
Por insistência da China, os países do FME desistiram de se comprometer a reduzir pela metade suas emissões de gases de efeito estufa até 2050. Na véspera, os líderes do G8 aprovaram o limite de 2°C e se comprometeram a reduzir em 50%, antes de 2050, a emissão mundial de gases de efeito estufa e elevaram para 80% a redução de suas próprias emissões.
Figueiredo acha que esta proposta não tem credibilidade se o G-8 não adotar metas intermediárias até 2020. "Nós podemos aceitar o objetivo de 2050 dentro de um quadro de metas robustas a médio prazo", afirmou o chefe dos negociadores. "Mas não podemos lidar apenas com o longo prazo, porque se perde credibilidade. Tem que existir metas de redução fortes e profundas até 2020", completou.
Já a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que "muito resta a fazer" para atingir os objetivos do G-8 sobre o clima e pede aos governos agirem contra a volatilidade dos preços da energia, em comunicado publicado nesta quinta-feira em Paris.
"Os investimentos em capacidade energética e em tecnologias limpas devem ser multiplicados por quatro para que o aumento médio da temperatura mundial fique abaixo dos 2°C", indicou a AIE, calculando em "US$ 400 bilhões suplementares ao ano, nos próximos 20 anos, a verba necessária para isto".
Também hoje, o G-5 fez um apelo "aos países desenvolvidos a ajudarem os emergentes, mais vulneráveis aos efeitos negativos da mudança climática a suportar o custo da adaptação" em suas economias. Segundo a ONU, as necessidades de financiamento para os países em desenvolvimento em geral (não apenas os Cinco) se elevariam a US$ 150 bilhões por ano.