Logo depois de enunciado nesta quarta-feira pelas potências mundiais, o objetivo de redução de 80% das emissões de gases de efeito estufa foi denunciado, para surpresa geral, pela Rússia, que o considerou "inaceitável".
"Para nós, o percentual de 80% é inaceitável e provavelmente fora de cogitação", estimou ante a imprensa russa o principal assessor econômico do presidente Dmitri Medvedev, Arkady Dvorkovitch.
"Não vamos sacrificar o crescimento econômico com o único fim de reduzir as emissões" poluentes, acrescentou.
Dvorkovitch recusou-se ser mais preciso, exemplificando os objetivos que lhe pareceriam aceitáveis, considerando a questão prematura.
"Os cálculos estão sendo feitos. Cenários diferentes são possíveis", disse ele evocando uma escala de 20% a 60% de redução até 2050.
Os dirigentes do G8, um grupo que conta com a participação da Rússia, anunciaram nesta quarta-feira um acordo para reduzir em 50% as emissões mundiais de gases poluentes até 2050 e de 80% e mais para as nações mais industrializadas.
Este duplo objetivo representa uma indicação do que será negociado num futuro acordo mundial contra o aquecimento, em dezembro, em Copenhague, sob o patrocínio da ONU.
"Teremos ainda tempo de harmonizar nossas posições até Copenhague", considerou Dvorkovitch, assegurando, no entanto, que seu país levava "muito a sério" a melhoria de sua capacidade energética, uma "tarefa difícil", destacou.
Com isso, a Rússia não anunciou nem objetivos nem compromissos voltados para um futuro acordo em Copenhague.
"Ninguém sabe o que querem", observou Kim Cartensen, especialista em clima do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), para quem a declaração do assessor de Medvedev representa um "desacordo existente entre a própria delegação russa".
Para Tobias Munchmeyer, assessor político do Greenpeace, "ou Medvedev estava dormindo durante a negociação (para a declaração do G8), ou a Rússia descobriu de repente que deveria agir".