A chamada Operação Khanjar (Golpe da Espada), que enviou 4 mil marines a Helmand, teve início 45 dias antes das eleições presidenciais no Afeganistão. A intenção dos Estados Unidos é reconquistar a confiança e a simpatia da população nessa nova etapa de relações dos dois países, além de garantir que o pleito ocorra com o mínimo de segurança. ;As forças de coalizão querem se antecipar aos esforços talibãs de perturbar as eleições por meio da violência. E a nova investida das tropas americanas sobre a província de Helmand é parte de um esforço mais amplo para reconquistar o espaço tomado pelos talibãs no sul do Afeganistão;, afirmou Lisa Curtis, especialista em Oriente Médio da Fundação Heritage.
A pesquisadora, que acaba de voltar aos Estados Unidos de uma viagem de oito dias a Cabul, relatou ao Correio o sentimento de ;otimismo com cautela; que tem envolvido as tropas da coalizão no Afeganistão neste momento de retomada das grandes ações na região. ;Os comandantes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que encontrei na província de Kandahar me disseram que eles já possuem uma boa estratégia contra os talibãs, mas não recursos suficientes para empregá-la. Agora, com os EUA enviando 21 mil militares(1) à região, eles estão um pouco mais otimistas de que poderão colocar seus planos em ação;, contou Lisa.
Enquanto o grande reforço não chega, no entanto, as ofensivas visam atingir alvos estratégicos, ao mesmo tempo em que poupam vidas de civis. ;Além das plantações de ópio, vários distritos na província Helmand estão sob o controle talibã, e a região serve como importante ponto de passagem para insurgentes provenientes do Paquistão;, explicou a especialista da Fundação Heritage. Segundo Lisa, ações como a Operação Khanjar, que envolve incursões principalmente por terra ; para evitar baixas entre civis ;, visam ;retirar os insurgentes dos chamados ;bairros negros; e colocá-los diante da autoridade do governo afegão;.
O porta-voz da Brigada Expedicionária da Marinha no Afeganistão, capitão William Pelletier, confirmou a preocupação com os civis, garantindo que os soldados da Marinha americana ;dispararam balas de canhão de 20 mm, mas nenhuma bomba;. Os milicianos responderam com pequenas armas, granadas e metralhadoras. Pelo menos 12 supostos talibãs morreram, mas a coalizão liderada pelos Estados Unidos também perdeu um de seus fuzileiros.
Paquistão
As forças americanas se concentraram ontem em ataques com mísseis na região do Paquistão que faz fronteira com o Afeganistão. A ofensiva no Waziristão do Sul, realizada por aviões não tripulados, matou 17 pessoas e feriu 27 ao atingir uma unidade de treinamento operada pelo líder paquistanês do Talibã, Baitullah Mehsud, e um centro de comunicação militante. O ataque faz parte de uma série de mais de 40 que, acredita-se, foram realizados pelos EUA contra alvos militantes na região fronteiriça desde agosto do ano passado. Washington, entretanto, não reconhece diretamente a responsabilidade pelas ofensivas, já que não possui autorização para atuar em território paquistanês.
1- REFORÇOS
Em março, Barack Obama anunciou que enviaria mais 21 mil soldados ao Afeganistão nos ;próximos meses;. A expectativa é que grande parte deles chegue a tempo para as eleições de 20 de agosto. Desse total, 17 mil terão a tarefa de lutar contra os talibãs no sul e no leste do país, enquanto o restante participará de tarefas de treinamento das forças militares afegãs. À medida que as tropas americanas forem deixando o Iraque, no entanto, haverá um reforço cada vez maior das forças no Afeganistão. Atualmente, os Estados Unidos têm 36 mil soldados em território afegão, enquanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contribui com 57 mil.