Jornal Correio Braziliense

Mundo

OMS e pobres pedem a países ricos que não monopolizem vacinas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e os países em desenvolvimento exigiram nesta sexta-feira, em Cancun, que as nações ricas não monopolizem a futura produção de vacinas contra a gripe suína. Os laboratórios com capacidade para produzir as vacinas contra o vírus A (H1N1) estão concentrados na Europa, o que tem "implicações óbvias para o mundo em desenvolvimento", disse Jon Kim Andrus, especialista da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS). "Os produtores de vacinas estão comprometidos, em 90%, com os países de alta renda, onde vivem cerca de 893 milhões de pessoas, e em apenas 10% com países como China e Rússia, que têm certa capacidade para elaborar parte das vacinas", disse Andrus. "Os países em desenvolvimento não teriam vacinas se a comercialização iniciasse agora", advertiu Andrus. Garantir o acesso dos países subdesenvolvidos a estas vacinas é "um problema crítico", pelos desafios que representa, alguns ligados à "vontade política", destacou Keiji Fukuda, subdiretor da OMS. Cuauhtémoc Ruiz, coordenador de imunização da OPS, estimou que a vacina contra a gripe suína estará pronta em "três ou quatro meses", mas até que se tenha "quantidades suficientes para a população mundial, pode passar um ano". Os laboratórios estimam que poderão produzir "em um período de seis meses até 2,5 bilhões de doses". A estratégia para se enfrentar o problema tem dois caminhos: OMS e OPS negociarem com os produtores reservas de vacinas para os países pobres, por meio de doações ou venda a preços subsidiados, ou a doação das vacinas por parte dos países ricos. Margaret Chan, diretora-geral da OMS, conseguiu o compromisso de duas companhias para o envio de 250 milhões de doses aos países em desenvolvimento, quantidade "obviamente insuficiente". O ministro da Saúde do México, José Ángel Córdova, pediu "solidariedade para que não seja o dinheiro o fator de decisão para a distribuição da vacina". A reunião de alto nível sobre a influenza A (H1N1) envolveu especialistas de todo o mundo, mas não teve a presença de qualquer representante de laboratório com capacidade para produzir a vacina.