O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser "inaceitável" o golpe de Estado que derrubou o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, ontem pela manhã. O político foi deposto por forças militares no mesmo dia em que realizava uma consulta popular para reunir uma Assembléia Constituinte. A maioria do Congresso hondurenho apoiou a medida e elegeu o presidente da Casa, Roberto Micheletti, como mandatário interino.
"O dado concreto é que nós não temos como permitir que em pleno século XXI, na América Latina, tenha um golpe militar. Nós temos que exigir a volta do governo eleito democraticamente. Porque, senão, daqui há pouco, vira moda outra vez", afirmou Lula, em rápida entrevista após anúncio de medidas para a economia brasileira.
O assunto entrou na pauta da reunião de coordenação política entre Lula e ministros, nesta segunda-feira (29/6) pela manhã. Em seu programa de rádio semanal, Café com o presidente, Lula também criticou o golpe. "Se Honduras não rever a posição, ela vai ficar totalmente ilhada no meio de um contingente enorme de países democráticos", afirmou no programa.
No primeiro golpe de estado em Honduras desde 1981, o presidente Manuel Zelaya foi acordado antes das 6h e enviado, ainda em traje de dormir, para a Costa Rica. Em sessão extraordinária, o Congresso leu uma suposta carta de renúncia, afirmando que a decisão de Zelaya tinha a intenção de "sanar as feridas do ambiente sociopolítico". O mandatário hondurenho pediu para o presidente norte-americano não reconhecer o golpe.
O Congresso e a Justiça declararam a consulta de Zelaya ilegal e argumentam que a intenção seria se perpetuar no poder - em novembro ocorrerão eleições para presidente, autoridades municipais e legislativo.
"O que um referendo tem de criminoso? Qual é o medo de ouvir a vontade do povo?", questionou Lula. O presidente afirmou ainda que todos os países da Organização dos Estados Americanos (OEA) não aceitaram o golpe. "A OEA não aceita. Portanto, eu acho que o isolamento de Honduras enquanto não tiver um novo presidente eleito democraticamente é uma decisão de todos os fóruns da América Latina.