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Retirada das tropas do Iraque poderá renovar relação dos EUA com Bagdá

WASHINGTON - A retirada de tropas americanas das cidades iraquianas nesta terça-feira (30/6) representará um verdadeiro teste para Washington, que quer transformar em diplomático seu vínculo basicamente militar com Bagdá, apesar de temer a influência de extremistas e do Irã nas guerras internas do Iraque. A data-limite para a retirada militar do Iraque foi uma das prioridades do presidente Barack Obama, logo que assumiu a Casa Branca no dia 20 de janeiro. As tropas americanas posicionadas no país deverão deixar cidades e aldeias em que estão destacadas até 30 de junho, segundo um acordo assinado por Bagdá e Washington. Obama disse na sexta-feira que os informes vindos do Iraque são "positivos" apesar da escalada de violência registrada nos últimos dias. "Sempre que explode uma bomba no Iraque, ficamos preocupados", disse Obama. Mas o embaixador em Bagdá, Chris Hill, e o comandante das tropas no Iraque, general Ray Odierno, "defendem as grandes linhas (militares) no Iraque", acrescentou. Os analistas coincidem em que a retirada militar das cidades será menos espetacular do que se poderia pensar e que a operação, que acontecerá em meio a uma escalada da violência contra os xiitas, será uma espécie de teste, anterior a saída militar total americana do Iraque. "É um teste muito importante", estimou Noah Feldman, professor da Universidade de Harvard. "Não só para os serviços de segurança iraquianos, mas também para saber se a situação política se estabilizou", disse. "O equilíbrio dos poderes em seu conjunto será submetido à prova", acrescentou Feldman, quem participou da redação da constituição iraquiana. Obama, que se mostrou insatisfeito com a situação no Iraque, apesar de a segurança ter melhorado, disse que o governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki deve reforçar suas tropas. "Também deverá aceitar uma negociação política para as eleições nacionais", enfatizou o presidente. "Não vi o avanço político que gostaria no Iraque", acrescentou, em relação ao diálogo entre sunitas, xiitas e curdos, as três principais coletividades em que se dividem os cerca de 30 milhões de iraquianos. As cerimônias de retirada acontecerão hoje e o governo iraquiano declarou festa nacional na terça-feira, quando a saída começará oficialmente das zonas urbanas. A grande maioria dos 131 mil efetivos atuais ficarão em bases fora das cidades. Bagdá e Washington assinaram em novembro de 2008 um acordo que fixa o ano de 2011 como prazo para a retirada completa dos Estados Unidos do Iraque.