As tropas de combate americanas sairão completamente na próxima terça-feira (30/6) das cidades iraquianas, cuja segurança passará a ser responsabilidade das forças nacionais, em um passo crucial para a retirada total dos Estados Unidos, que invadiram o Iraque em março de 2003.
No entanto, enquanto os soldados americanos se preparam para partir, mais de 200 pessoas foram mortas em atentados este mês. Os dois ataques mais violentos aconteceram no último sábado, na província de Kirkuk (72 mortos), e nesta quarta-feira no bairro xiita de Sadr City, Bagdá (62 mortos).
Uma fora das cidades, as tropas americanas só voltarão a entrar em áreas urbanas se as forças de segurança iraquianas pedirem ajuda.
Nesta quinta (25/6), o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, se apressou em tranquilizar a população, afirmando que as forças de segurança do Iraque estão prontas para proteger o país e pedindo que qualquer ataque fosse imediatamente informado ao exército ou à polícia.
"Garantimos que as forças iraquianas estão prontas para a missão, apesar de algumas violações das medidas de segurança estabelecidas, e garantimos que o país está mais estável e seguro", disse Maliki.
O primeiro-ministro destacou que "as forças de segurança precisam de mais informações para lidar com os efeitos sectários que alguns desejam provocar", numa referência às ondas de violência sectária que deixaram dezenas de milhares de mortos em 2006 e 2007.
As cerimônias de retirada estão marcadas para segunda-feira, e o governo iraquiano anunciou que o dia 30 de junho, data da saída, será transformado em feriado nacional.
Soldados e veículos blindados continuarão patrulhando as ruas do Iraque como nos últimos seis anos - mas, a partir de agora, as equipes de segurança serão formadas exclusivamente por efetivos iraquianos.
Apenas um pequeno número de forças de treinamento e suporte americanas permanecerão nas áreas urbanas. A grande maioria das tropas, no entanto, será transferida para bases militares fora das cidades. Atualmente, há 131.000 soldados americanos atuando em áreas urbanas do Iraque.
Os líderes iraquianos expressaram confiança em sua preparação para garantir a segurança dos cerca de 30 milhões de habitantes do país, mas advertiram sobre a existência de grandes obstáculos - como a possibilidade de que insurgentes e milícias aumentem ainda mais a frequência e a violência de seus ataques.
"A retirada não significa o fim dos desfaios no campo da segurança", declarou recentemente Jawad al Bolani, ministro do Interior iraquiano. "Mas as forças de segurança têm a capacidade de fazer frente a estes desafios".
Nuri al Maliki, por sua vez, estimou que os sangrentos atentados da última semana foram uma tentativa da rede terrorista Al Qaeda de minar a confiança da população nas forças nacionais de segurança e reacender as divisões entre os diferentes grupos religiosos do Iraque.
A violência diminuiu significativamente desde os confrontos de 2006 e 2007. Em maio deste ano, o país registrou o menor número de mortes violentas desde o início da invasão americana, que derrubou o regime de Saddam Hussein. Ataques como o desta quarta, no entanto, continuam acontecendo com frequência em cidades importantes como Bagdá e Mosul.
Além de tranferir para as forças iraquianas suas bases urbanas, o exército americano prometeu também a doação de 8.500 veículos militares Humvee - 5.000 já foram entregues, segundo o general Ray Odierno, máxima autoridade militar dos EUA no Iraque.
Além disso, libertarão ou deixarão sob custódia iraquiana os cerca de 11.000 prisioneiros mantidos em penitenciárias americanas. De acordo com o cronograma de retirada aprovados pelos EUA, a última delas deverá ser fechada em agosto de 2010.
Iraque e Estados Unidos assinaram, em novembro do ano passado, um acordo que estabelece o fim de 2011 como data limite para a retirada completa das tropas americanas do Iraque.