TEERÃ - O grande aiatolá dissidente Hosein Ali Montazeri advertiu nesta quinta-feira (25/6) que se a repressão às manifestações pacíficas no Irã prosseguir, a situação pode provocar a queda do governo.
[SAIBAMAIS]"Se o povo iraniano não puder revindicar seus direitos legítimos em manifestações pacíficas e for reprimido, o aumento da frustração pode eventualmente destruir os cimentos de qualquer governo, por mais forte que seja", afirma o grande aiatolá em um comunicado.
Montazeri, que ocupa a maior hierarquia no clero xiita iraniano, também pediu aos compatriotas que rejeitam a legitimidade da reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad a continuidade do movimento de protesto. O grande aiatolá foi um dos primeiros a criticar com veemência o governo e as eleições presidenciais de 12 de junho.
"Infelizmente esta excelente oportunidade tem sido utilizada da pior maneira", afirmou o clérigo quatro dias depois da votação, ao descrever a esmagadora vitória do presidente ultraconservador como "algo que nenhuma mente sã pode aceitar". Na ocasião também condenou a violência e a repressão das manifestações.
O grande aiatolá, que no passado foi um potencial sucessor do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, foi submetido mais tarde a uma prolongada prisão domiciliar pelas críticas ao poder político.
Montazeri também pediu ao governo a criação de uma comissão imparcial com total autoridade para encontrar uma saída aceitável à eleição, denunciada como fraudulenta pelos candidatos derrotados.
Ele expressou assim um desafio ao Conselho dos Guardiães da Constituição, uma instituição ligada ao guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, responsável por examinar as demandas relacionadas às eleições. O Conselho já anunciou que vai validar os resultados.
Mir Hossein Moussavi, principal adversário de Ahmadinejad nas eleições, foi o primeiro a pedir a criação de uma comissão independente.