Jornal Correio Braziliense

Mundo

Sobe para 19 número de mortos em protestos no Irã

A mídia estatal iraniana informou hoje que pelo menos 10 pessoas morreram ontem em protestos após a eleição presidencial no país, elevando o número oficial de mortos para pelo menos 19. A tevê estatal também informou que as autoridades prenderam a filha e quatro outros parentes do ex-presidente Hashemi Rafsanjani, um dos homens mais poderosos do Irã. Após os confrontos de ontem, as ruas de Teerã amanheceram quietas hoje. [SAIBAMAIS]"Infelizmente, nos tumultos que terminaram em confrontos 10 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas", segundo a tevê estatal. O vice-chefe de política do Irã Ahmad Reza Radan culpou o grupo de oposição no exílio, Mujahedeen do Povo do Irã, de estar por trás da violência ocorrida ontem, segundo a tevê. Fundado em 1965 com o objetivo de derrubar o xá apoiado pelos EUA e então o regime islâmico, o Mujahedeen do Povo do Irã operou no passado como um grupo armado dentro do Irã. Ele foi o braço armado do Conselho Nacional de Resistência do Irã, com sede na França, mas renunciou à violência em junho de 2001. A Anistia Internacional alertou que era "perigosamente difícil" verificar o número de vítimas. "O clima de medo lançou uma sombra sobre toda a situação", disse o pesquisador-chefe da Anistia no Irã, Drewery Dyke, para a Associated Press.

Prisão Em Nova York, a Campanha Internacional por Direitos Humanos no Irã anunciou hoje que muitos manifestantes que buscaram tratamento médico nos hospitais após confrontos de ontem foram presos pelas forças de segurança. Segundo a entidade os médicos receberam ordens para informar feridos relacionados aos protestos às autoridades e que alguns manifestantes seriamente feridos buscaram refúgio em embaixadas estrangeiras em uma tentativa de evitar a prisão. A mídia estatal também informou hoje que os manifestantes atearam fogo em duas estações de gás e atacaram um posto militar durante os confrontos. O vice-chefe de polícia foi citado pela mídia oficial afirmando que os policiais não usaram munição de verdade para dispersar a multidão. O Irã também reconheceu que as mortes de sete manifestantes nos confrontos da segunda-feira passada. Faezeh Hashemi, filha mais velha do ex-presidente Hashemi Rafsanjani, e quatro outros membros da família - que não foram identificados - foram presos ontem à noite. Na semana passada, a tevê estatal mostrou imagens de Hashemi falando para centenas de apoiadores do candidato reformista da oposição Mirhossein Mousavi. Rafsanjani não esconde o seu desgosto com o presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad, que acusa o ex-presidente e sua família de corrupção. Rafsanjani chefia hoje dois grupos muito poderosos: Assembleia de Especialistas, formada por clérigos seniores que podem eleger ou afastar o líder supremo e o Conselho de Diligência, um órgão que arbitra disputas entre o parlamento e o Conselho de Guardiões, que pode bloquear o legislativo.