A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos - equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil - aprovou hoje, por 405 votos a 1 uma resolução condenando a repressão iraniana nas ruas e as restrições à comunicação no país, após protestos depois da reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. A resolução foi apresentada pelos republicanos, em uma crítica velada ao presidente norte-americano, Barack Obama, que tem se mostrado relutante em criticar o modo como Teerã lidou com as eleições na sexta-feira passada. O presidente Mahmoud Ahmadinejad foi declarado vencedor. Porém a oposição, liderada pelo candidato reformista Mir Hossein Mousavi, afirma que houve fraudes.
A declaração política expressa apoio "a todos os cidadãos iranianos que acolhem os valores de liberdade, direitos humanos, liberdades civis e o cumprimento da lei". Também afirma "a importância de eleições democráticas e justas" e condena a "violência em andamento" das forças oficiais e milícias pró-governo contra os manifestantes, bem como a restrição à comunicação no país.
O Congresso norte-americano frequentemente manifesta posições sobre temas de política externa. Uma mensagem similar do Departamento de Estado dos EUA ou da Casa Branca seria considerada uma confrontação. Tais resoluções não têm efeito prático, mas expressam a opinião dos congressistas. Obama, que tem entre suas metas impedir que o Irã possua armas nucleares, permaneceu em grande parte neutro na disputa, medindo as palavras.
Nesta semana, ele disse em entrevista à "CNBC" que "quando 100 mil pessoas que se manifestam pacificamente" são reprimidas pela "violência e tiros, o que me parece é que o povo iraniano não está convencido da legitimidade da eleição". Porém Obama também disse que "não seria produtivo", dado o histórico bilateral, que pareça que Washington se intromete nas questões internas da nação persa. Os iranianos culpam a Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA, na sigla em inglês) por ajudar a derrubar o governo eleito de Mohammad Mossadegh, em 1953, e substituí-lo pelo xá Mohammad Reza Pahlevi.