Uma enzima conhecida por desempenhar um papel básico no desenvolvimento do enfisema pulmonar pode estar, também, na primeira linha de defesa contra infecções bacterianas pulmonares, segundo um estudo de uma equipe de cientistas americanos.
Ante o aumento das resistências a antibióticos, esta descoberta poderia fornecer novas armas na guerra sem fim contra os invasores microbianos, segundo a revista científica britânica Nature, que publica nesta quarta-feira, on line, as pesquisas realizadas pela Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos).
Um segmento da enzima MMP12 resultou ser um poderoso antimicrobiano, segundo o estudo, para o qual contribuiu o Instituto de Biologia Molecular de Barcelona (Espanha). Os cientistas testaram suas capacidades para matar vírus e fungos.
A MMP12, também chamada elastase do macrófago, pertence à família de enzimas das "metaloproteases" (ou "metaloproteinases") e pode degradar fibras elásticas ("elastinas"), embora também esteja relacionada com patologias como o enfisema pulmonar.
A enzima MMP12 é naturalmente produzida por células imunológicas, os macrófagos, verdadeiros "limpadores" que patrulham o corpo tragando desperdícios celulares e agentes patogênicos.
Segundo o estudo, os macrófagos podem também utilizar a enzima MMP12 para matar diretamente as bactérias absorvidas. Até agora se pensava que as enzimas metaloproteases funcionavam exclusivamente no exterior das células.
Desta maneira, a enzima MMP12 se agrega ao arsenal conhecido de macrófagos para destruir os micróbios invasores.
A atividade antimicrobiana da MMP12 se situa na extremidade da proteína, numa zona diferente da relacionada com a remodelação (ou degradação) dos tecidos.
Esta pequena porção da enzima (batizada "KDEK") parece atuar aderindo-se à membrana protetora da bactéria para destrui-la e provocar sua morte. É eficaz contra as bactérias Gram-positivas (estafilococos aureus, pneumococos...) e negativas (meningococos...).