BRUXELAS - A falta de incentivos e reconhecimento, geralmente por parte dos diretores de escola, afeta três em cada quatro professores do ensino secundário, cujo trabalho também se vê em muito dificultado pelo mau comportamento dos alunos, revela um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) e da Comissão Europeia divulgado nesta terça-feira (16/6).
O relatório destaca principalmente que, em média, os professores gastam 13% do tempo passado em sala de aula tentando manter a ordem, mas no Brasil e na Malásia esse tempo ultrapassa os 17%.
Além disso, um em cada três diretores de escola acha que seus funcionários não estão suficientemente qualificados, uma crença que mina a confiança dos professores.
O relatório evidencia que a profissão atravessa momentos muito difíceis, mas também afirma que o ensino pode melhorar com soluções relativamente simples como a formação do professorado ou uma avaliação periódica de seu desempenho.
As aulas com um número reduzido de alunos, professores experientes e a aplicação de cursos de forma estrutura são os melhores instrumentos para combater o mau comportamento ou a falta de interesses dos alunos, afirma a OCDE.
No entanto, a organização aponta que os profissionais que optaram por fazer mais cursos preparatórios são os que mais pagam por isso, pois o informe revela que em nenhum dos países pesquisados essas formações são totalmente gratuitas.
"A mensagem-chave é que precisamos de melhores mecanismos de ensino e modelos eficientes de liderança de escolas", afirma o secretário-geral adjunto da OCDE, Aart De Geus, ao apresentar esse primeiro estudo comparativo das condições trabalhistas do profissional do ensino de alunos de 12 a 14 anos.
A pesquisa foi realizada com professores de 23 países participantes, entre eles Brasil, Austrália, Áustria, Itália, Coreia do Sul, México, Espanha e Turquia.