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México chora morte de 38 crianças em creche incendiada

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O México chora a morte de pelo menos 38 crianças no trágico incêndio que destruiu uma creche na cidade de Hermosillo, noroeste do país, cujas paredes precisaram ser derrubadas pelos moradores para o resgate dos pequenos. Segundo o secretário da Saúde do México, Raymundo López, 38 crianças morreram e 15 estão em estado muito grave. "Morreram 38 crianças e outras 23 estão hospitalizadas, e delas 15 estão sumamente graves e sua vida corre perigo nas próximas 24 horas", lamentou López. Outros quatro adultos que estavam na creche continuam internados e seu estado é estável, enquanto outras 10 crianças foram transferidas para centros médicos em outras cidades: oito para Guadalajara (oeste), um para Sacramento (Califórnia, EUA), e um será levado nas próximas horas para Ciudad Obregón, em Sonora. Uma equipe de 29 médicos especializados avalia a situação de cada uma das crianças, que são levadas para hospitais melhor equipados dependendo da situação. "Temos uma criança com morte cerebral, que naturalmente não pode ser transferida", acrescentou López. Mais cedo, o governador de Sonora, Eduardo Bours, havia informado que "havia 142 crianças na creche". A maioria das crianças, com idades entre três meses e dois anos, morreu por asfixia. O incêndio começou na sexta-feira (05/06), enquanto as crianças dormiam. A creche fica em uma populosa área do sul de Hermosillo, onde não há sequer ruas asfaltadas. Ao lado da creche fica um imóvel, do mesmo proprietário, alugado pela secretaria da Fazenda, onde muitos papéis foram queimados e três automóveis foram destruídos pelo fogo. A origem do incêndio ainda não foi identificada pelas autoridades. Em resposta aos gritos de socorro das funcionárias da creche, que conseguiram sair do prédio, um homem de 40 anos foi o primeiro a chegar ao local para ajudar, derrubando a marretadas uma das paredes. "Foi um ato de terror, havia muita fumaça, não havia sinal das crianças, todas estavam inconscientes ou mortas", contou ao jornal Reforma Roberto Bustamante, que mora em frente à creche. "Passamos os corpinhos das crianças de um para o outro para tirá-los, todos estavam queimados ou inconscientes", disse. Um jovem também ajudou a abrir uma das paredes da creche com seu automóvel. A creche ABC, uma concessão do governo a uma firma particular, não tinha saídas de emergência nem portas corta fogo, e sua estrutura estava tão deteriorada que uma parte do teto ruiu sobre o quarto onde estavam os berços e camas. Os serviços de emergência ainda não haviam chegado ao local quando os voluntários conseguiram retirar as crianças do prédio em chamas, segundo testemunhas ouvidas pela AFP. Até a noite de sexta-feira, seis das crianças hospitalizadas ainda não haviam sido identificadas, porque apresentam queimaduras em 70% do corpo, de acordo com informações da secretaria estatal. A maioria das crianças morreu no hospital.