PARIS - As declarações do presidente americano Barack Obama em favor do véu islâmico provocaram nesta sexta-feira (5/6) a indignação das feministas na França, onde esse símbolo religioso é proibido nas escolas públicas.
"Ao atacar o laicismo e defender o uso do véu, Obama inicia uma cruzada contra as mulheres", denunciou a associação 'Ni Putes Ni Soumises' (Nem Putas Nem Submissas), que defende a causa das jovens dos subúrbios franceses, onde se concentra boa parte da comunidade muçulmana do país.
Barack Obama defendeu na quinta-feira no Cairo o uso do véu pelas muçulmanas no Ocidente, em seu discurso de reconciliação entre o Ocidente e o mundo árabe-muçulmano.
"É importante para os países ocidentais evitar obstruir os cidadãos muçulmanos na prática de sua religião, assim como desejam, por exemplo, ditando as vestes que uma jovem deve usar", disse. "Rejeito o ponto de vista de alguns no Ocidente", para quem o fato "de uma mulher optar por cobrir seus cabelos tem algo de desigualdade", acrescentou.
Em um comunicado, a associação 'Ni Putes Ni Soumises' pede ao presidente francês Nicolas Sarkozy que "reafirme o laicismo como vetor de emancipação das mulheres" durante a visita à França do presidente americano, que será efetuada desta sexta-feira a domingo.
"O véu não é um símbolo religioso como os outros. Afirmar que é usado voluntariamente não apaga o seu significado humilhante para todas as mulheres", insistiu ela, questionando se o presidente Obama "quer se reconciliar com o mundo muçulmano às custas das mulheres".
Em nome do laicismo, a França, que conta com entre 4 e 5 milhões de muçulmanos, baniu em 2004 das escolas públicas os símbolos religiosos ostensivos com uma lei interpretada, sobretudo, como uma medida contra o lei islâmico.