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Coreia do Norte prepara mais disparos de míssil

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Um dia depois de a Coreia do Norte ter denunciado o armistício que suspendeu as ações de combate e encerrou na prática a guerra com a Coreia do Sul e Estados Unidos, travada entre 1950 e 1953, fotos de satélites militares norte-americanos indicaram que o regime comunista pode estar preparando o lançamento de mais um míssil ; possivelmente de longo alcance. Ainda sob o impacto da crise aberta com o teste de um artefato nuclear, na última segunda-feira, os norte-coreanos lançaram mais um míssil de curto alcance sobre o Mar do Japão e manteve o tom de desafio à comunidade internacional. Com as tensões ainda em alta, navios pesqueiros chineses começaram a retirar-se da fronteira marítima entre as Coreias no Mar Amarelo, palco de escaramuças navais em 1999 e 2002.

De acordo com porta-vozes do Pentágono, as imagens captadas pelos satélites indicam movimentação suspeita no mesmo local de onde a Coreia do Norte já lançou seus mísseis de longo alcance Taepodong 1 e 2. No mês passado, o regime comunista anunciou ter enviado um satélite próprio à órbita terrestre em um foguete de três estágios, movido a combustível sólido. Os EUA e seus aliados, no entanto, questionaram o anúncio e condenaram o que, alegam, teria sido um teste (malsucedido) com uma nova geração de mísseis balísticos com autonomia para atingir o litoral norte-americano do Pacífico. Especialistas identificaram semelhanças no padrão observado ontem, mas lembraram que, em outras ocasiões, nem sempre a movimentação foi seguida pelo lançamento do veículo.

É no mar, porém, que se concentram as atenções e preocupações mais imediatas. Na dura resposta que endereçou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, em resposta à pressão por uma resolução que autorize a inspeção militar em navios norte-coreanos, o regime de Pyongyang acusou as potências de ;hipocrisia; ; ;eles realizam testes nucleares; ; e prometeu ;uma resposta militar imediata e contundente; ao que equipara a ;um ato de guerra;. É sobre esse pano de fundo que as autoridades sul-coreanas tentam determinar o que motivou o recuo dos pesqueiros chineses no Mar Amarelo ; se uma decisão do próprio governo de Pequim ou uma instrução emitida pela Coreia do Norte. Em abril, o episódio do satélite (ou míssil) foi precedido pelo fechamento de espaço aéreo a aviões comerciais estrangeiros.

Em dúvida
Passados cinco dias do anúncio do segundo teste norte-coreano com uma bomba atômica ; o primeiro foi em 2006 ;, as autoridades americanas do setor ainda não têm confirmação técnica sobre a real natureza da explosão detectada por observatórios sismológicos. Um funcionário de Washington afirmou que o exame de amostras de ar recolhidas na área da detonação, para detectar os índices de radioatividade, ;ainda não deu respostas conclusivas; sobre a natureza do artefato testado. A análise dos registros sismológicos é consistente com os dados de uma explosão nuclear e indica uma potência da ordem de cinco vezes mais potente que a de três anos atrás, avaliada em um quiloton ; o equivalente a mil toneladas do explosivo convencional TNT.


Adeus ao ex-presidente

Mais de 500 mil pessoas encheram as ruas de Seul ontem para o funeral do ex-presidente sul-coreano Roh Moo-hyun. Seu suicídio abalou os 49 milhões de sul-coreanos. Roh, de 62 anos, morreu em 23 de maio após jogar-se de um penhasco atrás de sua casa na vila de Bongha, no sul do país. Ele era investigado pelo suposto recebimento de US$ 6 milhões em suborno durante sua presidência, de 2003 a 2008. Roh negou as acusações, mas elas tiveram forte impacto sobre o homem que se orgulhava de ser reconhecido como político limpo. Seus esforços para promover a democracia, lutar contra a corrupção e facilitar a reaproximação com a Coreia do Norte foram lembrados no último adeus. ;Roh viveu uma vida inteiramente dedicada aos direitos humanos, à democracia e à luta contra o autoritarismo;, disse o primeiro-ministro Han Seung-soo.