A Coreia do Norte advertiu nesta sexta-feira que eventuais sanções da ONU a seu teste nuclear motivariam medidas de "legítima defesa", enquanto os Estados Unidos anunciam que não têm a intenção de reforçar sua presença militar na Coreia do Sul.
"Se o Conselho de Segurança da ONU nos provocar, novas medidas de legítima defesa serão inevitáveis", anunciou o ministério norte-coreano das Relações Exteriores em comunicado citado pela agência KCNA.
Pyongyang anunciou ter realizado na segunda-feira um segundo teste nuclear, após o primeiro de 2006, e ameaçou na quarta-feira atacar a Coreia do Sul após sua decisão de se unir à Iniciativa de Segurança contra a Proliferação (PSI).
Uma investigação preliminar norte-americana para determinar se a Coreia do Norte efetuou um teste nuclear na segunda-feira não foi "conclusiva" até o momento, indicou nesta sexta-feira à AFP uma autoridade americana.
Amostras do ar provenientes da região onde foi efetuado o teste norte-coreano ainda estavam sendo analisadas para determinar uma eventual presença de radioatividade. Mas as primeiras conclusões não permitem confirmar se Pyongyang utilizou uma arma nuclear, indicou esta autoridade, que preferiu não ter o nome divulgado.
"Os resultados (definitivos) ainda não foram obtidos", assegurou um outro funcionário.
Em nova manifestação de desafio à comunidade internacional, Pyongyang, depois de ter disparado cinco mísseis de curto alcance no início da semana, lançou nesta sexta-feira um 6º foguete, a partir de sua costa oriental do mar do Japão.
Ainda nesta sexta, fotos captadas por satélite revelaram movimentos de veículos em um sítio de lançamento de mísseis na Coreia do Norte, levando a crer que Pyongyang se preparava para lançar um foguete de longo alcance, segundo dois funcionários do Pentágono.
As ameaças ocorrem após a decisão das sete potências encarregadas da questão norte-coreana na ONU de manter suas negociações para a obtenção de uma resolução que contenha sanções contra Pyongyang.
"Qualquer ato hostil do Conselho de Segurança da ONU equivalerá a uma ruptura", acrescentou o ministério norte-coreano, em referência ao armistício de 1953 que pôs fim à guerra da Coreia (1950-53), e ao qual Pyongyang assegurou na quarta-feira que jamais esteve ligado.
"O mundo verá em breve como nosso Exército e nosso povo se erguerão face à opressão e ao despotismo do Conselho de Segurança e farão respeitar sua dignidade e sua independência", advertiu o Norte.
Pyongyang reagiu à decisão de Seul de se unir à iniciativa PSI lançada pelos Estados Unidos em 2003, que prevê manobras militares e autoriza a ocupação em alto-mar de navios suspeitos de transportar material nuclear e outras armas de destruição em massa.
O Norte ressaltou que seu teste de segunda-feira foi o 2054º no mundo e que a grande maioria destes testes haviam sido efetuados pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Os Estados Unidos indicaram nesta sexta-feira que não constataram movimentos de tropas na Coreia do Norte e que não têm a intenção de aumentar seus efetivos na Coreia do Sul.
"Não estou a par de movimentos de tropas na Coreia do Norte, pelo menos que sejam fora do normal" e "não acredito que tenhamos que reforçar nossa presença militar no Sul", onde estão mobilizados cerca de 28.000 soldados americanos, declarou o secretário americano de Defesa, Robert Gates, em viagem à Cingapura onde participa nesta sexta-feira e no sábado de uma conferência regional anual sobre segurança.
Barcos de pesca chineses começaram a deixar uma zona marítima sensível no Mar Amarelo, na fronteira entre as duas Coreias, onde combates navais foram registrados e 1999 e em 2002.